Em Heliópolis, periferia de São Paulo, o ex-presidente desafia a mocidade a mudar o país. “Vocês estão desafiados a provar que podem”, aposta. “Temos que mudar o curso da história e essa eleição é uma oportunidade de definir o Brasil que a gente quer”

 

 

A hora é de mudar o Brasil e reconstruir a Nação que todos sonhamos. Este foi o apelo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no feriado de 21 de abril, aos jovens que vivem na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, a maior favela da capital. “Temos que mudar o curso da história e essa eleição é uma oportunidade de definir o Brasil que a gente quer”, disse.

“Vamos dizer para quem a gente conhece que tenha mais de 16 anos e não tem o título: não entre na do Bolsonaro. Você não tem que comprar fuzil, não tem que comprar pistola, não tem que comprar bala, não tem que comprar arma. Tire o título do eleitor e dê um tiro nas coisas ruins para a gente mudar a história do país”, declarou.

Lula foi bem claro ao falar sobre a importância do momento. “Está na hora de a juventude tomar a frente”, disse. “Vocês estão desafiados a provar que podem”. Bem-humorado e atento às falas dos jovens que compareceram à quadra da União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS), Lula plantou esperança e lembrou da responsabilidade de todos.  

“Se a juventude não se mobilizar com 18 anos, não tiver vontade, fica muito difícil mudar o país”, disse. “Se você quer mudar a sua cidade, você tem que participar, tirar o título de eleitor e participar da democracia do país”, afirmou. Ele acrescentou que os jovens prestem atenção nos candidatos ao Parlamento em que vão votar para que não elejam raposas para cuidar do galinheiro.

O clima era de comoção na quadra. Ali estavam dezenas de jovens que são os primeiros de suas famílias a terem ingressado em universidades. Programas como Sisu, Prouni e muitos outros foram enaltecidos por cada um dos jovens que discursaram na frente do ex-presidente. Sabrina, 21 anos, estudante do curso de Políticas Públicas na UFABC, disse estar indignada com a precarização da educação no Brasil e também das condições de vida. “Somos obrigados a aceitar trabalhos precários”, disse.

Outra jovem, Maiara Esteves, coordenadora do Núcleo de Mulheres da UNAS Heliópolis, recitou uma poesia emocionante sobre a resiliência dos moradores de favelas que enfrentam dificuldades, têm os seus direitos desrespeitados. Ela terminou dizendo “a palavra que ecoa por aqui é resistência”.

As palavras duras contrastavam com a alegria por receber o ex-presidente, mas a realidade local não é nada fácil. Jade, jovem grávida e moradora da favela, lembrou que são muitos os jovens que estão sendo obrigados a deixar os estudos para trabalhar.

O desemprego é um problema grave e que afeta diretamente esta e muitas outras comunidades espalhadas pelo país. Após ouvir todos os jovens, Lula fez críticas à elite por não querer ver o povo informado. E também aproveitou a oportunidade para falar sobre a conduta de Jair Bolsonaro. “É um presidente desqualificado moralmente”, declarou, chamando o atual presidente de mentiroso. •

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