Sob Bolsonaro, a Amazônia vê um salto de 64% na derrubada da floresta nos primeiros três meses de 2022 em comparação com 2021. Até março foram destruídos mais de 940 km2

 

O governo Bolsonaro continua a surpreender o mundo, com a voracidade de sua potente política de destruição ambiental. O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) revelou que o Brasil estabeleceu um novo recorde de desmatamento na Amazônia nos primeiros três meses de 2022. Os números são surpreendentes e levantam preocupações imediatas de ambientalistas.

De janeiro a março, o desmatamento na Amazônia aumentou 64% em relação ao ano anterior. Nada menos do que 941 km² de mata da floresta tropical foram destruídos. Para efeitos de comparação, a área é maior do que a cidade de Nova York. O número revela a maior perda de cobertura florestal no período desde o início da série de dados em 2015.

Diplomatas avaliam que é cada vez mais real a chance de a União Europeia aplicar sanções econômicas rígidas ao Brasil por conta das altas taxas de desmatamento no país. O país hoje é vilão do meio ambiente aos olhos da comunidade internacional. A UE avalia um projeto de lei que estabelece que somente terão acesso ao mercado europeu produtos produzidos em áreas no qual não houve desmatamento. Estão em jogo produtos que correspondem a mais de US$ 10 bilhões das exportações do Brasil, incluindo soja, cacau, café e carne bovina e o óleo de palma,.

A destruição da maior floresta tropical do mundo tem aumentado desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República em 2019. Sob a sua administração, órgãos de controle ambiental e de proteção aos povos indígenas — Ibama, ICMBio e Funai — têm sido enfraquecidos. O argumento do governo é sombrio: as políticas de proteção ambiental estariam impedindo o desenvolvimento econômico da Amazônia. Uma mentira.

A mídia internacional alerta que a situação é crítica. Os dados são especialmente preocupantes porque o Brasil está no meio de sua estação chuvosa na Região Norte – uma época em que os madeireiros normalmente não cortam árvores e os agricultores não as queimam para limpar a terra. Deveria, portanto, haver menos atividade na região e menos desmatamento.

O Palácio do Planalto e o Ministério do Meio Ambiente não comentaram os novos dados revelados pelo Inpe e que ganharam repercussão internacional por conta dos despachos de agências internacionais de notícias. Segundo especialistas, a destruição da floresta tropical tem sido impulsionada pela agricultura e especulação de terras no Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina e soja. O país abriga cerca de 60% da floresta amazônica.

Um relatório do painel climático das Nações Unidas, divulgado no início de abril, alertou que os governos não estão fazendo o suficiente para conter as emissões de gases de efeito estufa para evitar os piores efeitos do aquecimento global. O desmatamento é responsável por cerca de 10% das emissões globais.

“O Brasil é um exemplo do que o relatório climático da ONU está dizendo quando se refere a governos que não tomam as ações necessárias”, disse Cristiane Mazzetti, ativista florestal do Greenpeace no Brasil. “Temos um governo que vai deliberadamente contra as medidas necessárias para limitar as mudanças climáticas”.

O novo recorde de alertas de desmatamento na Amazônia Legal mostra um processo contínuo de degradação e da omissão do Estado brasileiro. Sob Bolsonaro, as políticas públicas para a área ambiental foram desmontadas de maneira deliberada e criminos .

Segundo especialistas, três fatores favorecem o desmatamento: 1) alteração do sistema normativo que retirou a incidência das multas para coibir crime ambiental; 2) o desmantelamento do sistema de fiscalização do Ibama e; 3) a paralisia do Conselho Nacional da Amazônia Legal, constituído hoje por representantes dos ministérios, sem envolver estados e municípios.

Nos últimos três anos, sob a administração do líder extremista de direita, o desmatamento na Amazônia cresceu 56,6% nos últimos três anos, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Em fevereiro de 2022, a Amazônia Legal registrou o maior acumulado de alertas de desmatamento para o mês desde 2016: 198,67 km² – 61,7% mais do que os 122,8 km² registrados em 2021.

No ano passado, ambientalistas ficaram alarmados com a revelação de que o ritmo de devastação na Amazônia já tem impacto direto e com consequências graves para o ecossistema. A floresta já perdeu parte de sua capacidade de absorver o carbono. Agora, o risco é de falência geral. O mundo já chegou ao ponto de não-retorno, com consequências desastrosas. •

Desmatamento bate novo recorde