Tributo aos povos indígenas
Ricardo começou a fotografar os índios ainda nos anos 90, quando passou a fazer suas primeiras incursões em aldeias espalhadas pelo país. Quando fez sua primeira viagem à Amazônia, em 1997, o fotógrafo lembra que ficou a imagem de uma mulher gravada na memória. Então trabalhando como fotógrafo de “Veja”, Ricardo captou o registro de uma linda jovem indígena Yanomami, Penha Góes.
Quase 20 anos depois, quando voltou à aldeia para fotografá-la outra vez, decidiu assumir a missão de registrar de forma mais ampla a vida dos indígenas brasileiros – uma maneira de prestar-lhes um tributo e ao mesmo tempo torná-los mais conhecidos ao redor do país e do mundo.
O livro traz imagens de beleza impressionantes, com o registro amoroso da alma de mulheres, homens e crianças indígenas. Todas têm forte apelo e impacto imagético. Desde a mãe que amamenta o filho às crianças que brincam no rio ou o velho cacique Raoni Metuktire de arco e flecha em punho.
O livro é dividido em capítulos que retratam 10 etnias: Yanomami, Ashaninka, Yawanawá, Kalapalo, Kayapó, Pataxó, Kaxinawá, Xukuru-Kariri, Korubo e alguns povos isolados. “A fotografia é minha forma de vida, é a maneira como eu vejo o mundo”, diz. E Ele diz que o livro é a sua visão de homens e mulheres que estão na linha de frente da preservação de recursos naturais de importância para a vida do planeta.
Um dos registros mais impressionantes foi feito em 2016, quando Ricardo sobrevoava a mata em uma região do Acre. Do alto do helicóptero, ele avistou um grupo de índios, quando viajava com o indigenista José Meireles, que tentava retornar à cidade após abortar uma viagem de entrega de mantimentos a uma comunidade de índios isolados.
Por sorte, Ricardo tinha em mãos duas lentes potentes — uma de 400mm e outra de 500mm. O sobrevoo foi rápido, mas ele teve tempo de focar o chão e ser surpreendido por um grupo de índios que, segundo Meireles, nunca haviam feito contato com o homem. “Eu fiquei muito emocionado”, lembra. O resultado é uma das fotos mais belas do livro.
Para cada das fotos de Ricardo Stuckert de uma das etnias retratadas, há um texto de um antropólogo escolhido pelas próprias lideranças indígenas para falar sobre a história de seu povo. “Não é um livro só de fotografias”, avisa Ricardo. “É um livro em que as pessoas vão entender que é a história deles. Isso engrandeceu muito o projeto”.
“Povos originários, guerreiros do tempo”, editado pela Tordesilhas, tem 280 páginas, em capa dura, e pode ser adquirido no site da editora por R$ 269,10. Ou pela Amazon. •