O ex-governador de São Paulo deixa o PSDB e se filia ao PSB, elogiando o ex-presidente da República, com quem deve somar forças para derrotar o bolsonarismo em outubro

 

Uma improvável aliança política começa a se materializar e tornar mais forte a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de 33 anos de vida partidária, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deixou o PSDB. Na quarta-feira, 23, o ex-tucano assinou a ficha de filiação ao PSB em evento concorrido em Brasília, com tom de campanha eleitoral.

Alckmin rasgou elogios ao ex-adversário, demonstrando sensibilidade política e destacando que a provável aliança com o PT é para valer e tem como principal objetivo reconstruir o país e superar o bolsonarismo. “Lula representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia”, discursou, no ato de filiação.

O PT foi representado na solenidade de filiação de Alckmin pela presidente nacional, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). “Nunca foi tão necessário somar forças. Viva a unidade das forças populares e democráticas na reconstrução do Brasil”, disse.

Alckmin fez questão de manter o debate em alto nível e fez muitos elogios a Lula. A cada afago ao líder petista, a plateia, formada por governadores, prefeitos, deputados e novos filiados do PSB, o interrompia com palmas.

Alckmin foi claro e direto. Destacou que Lula é hoje quem melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro.  E declarou que, “se Deus quiser eleito”, Lula vai reinserir o Brasil no mundo. “Vai alargar o horizonte do desenvolvimento econômico e diminuir essa triste diferença social que temos no país”.

Alckmin deve ser anunciado oficialmente como vice na chapa Lula no lançamento da pré-candidatura do petista, que só deve ocorrer após as convenções partidárias. A aliança estratégica entre os ex-adversários, que disputaram a Presidência em 2006, tem como objetivo mostrar que o país precisa da união de todos os democratas comprometidos com o desenvolvimento do país.

Alckmin disse que alguns poderiam estranhar a proximidade dele agora com Lula, mas que ambos têm respeito um pelo outro e nunca a divergência política transformou-se em uma ameaça à democracia. “Disputei com o Lula a eleição em 2006. Fomos para o segundo turno, mas nunca colocamos em risco a questão democrática. Nunca. O debate era de outro nível”, comentou.

Agora, o ex-governador diz confiar na capacidade do ex-presidente em dialogar para superar as diferenças políticas. “Em relação à questão fiscal, quanto era a relação dívida/PIB quando Lula entrou e quando saiu? Foi exemplo de responsabilidade fiscal e redução da dívida”, elogiou o ex-governador. “Importante é retomar a atividade econômica”, concluiu.

O ex-governador de São Paulo ressaltou que o petista está ciente de que terá de buscar apoios ao centro. “Lula, com pé no chão, tem colocado que é preciso uma aliança para vencer e uma para governar. Tarefa de governo é dirimir conflito em nome do interesse público. O Brasil precisa de conciliação, com desprendimento e grandeza”, apontou.

Sobre seu próprio papel em um governo petista, disse ter consciência de que a atuação como eventual vice tem seus limites. “Já fui vice-governador e governador. Sei os limites da competência da responsabilidade e da tarefa [de ser vice]”. •