Rejeição a Jair Bolsonaro é bem mais alta entre quem ganha até R$ 2.424 — a maioria do povo. Segundo a Quaest, a avaliação negativa do governo subiu neste segmento de 52% para 57%

 

 

As últimas pesquisas evidenciam o impacto da renda no que diz respeito tanto à avaliação do governo quanto às intenções de voto para as eleições de 2022. Tratamos destes dados no boletim de número 13 do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, divulgado na última semana.  Neste artigo, aprofundamos essa análise.

De maneira geral, enquanto Lula tem seu melhor desempenho na base da pirâmide social e na região Nordeste, Bolsonaro tem força entre homens e evangélicos. O ex-presidente lidera com folga nos cenários de segundo turno. Somente o instituto PoderData indica tendência de redução da vantagem. Cabe frisar que Lula venceria, com folga, todos os outros candidatos.

Por segmentos de renda, cabe ressaltar que, desde dezembro de 2020, o segmento com renda de até dois salários mínimos — aqueles que ganham até R$ 2.424, a base da pirâmide social brasileira — vem aumentando paulatinamente a reprovação ao governo. Este imenso contingente avalia o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo.

Lula é o preferido na massa

Na parte da reprovação ao governo se explica pela forte rejeição deste segmento social. Segundo a última Quaest, é justamente nessa faixa de renda que Bolsonaro tem a menor aprovação: 17%. Destaque também no mesmo estrato para a avaliação negativa, que subiu de 52% para 57%.    

Neste caso, é possível também apontar que, além de reprovarem o governo, os brasileiros de menor renda tem fortíssima tendência de votar em Lula nas eleições presidenciais de outubro.

O ex-presidente lidera com muita folga já no primeiro turno enquanto Bolsonaro tem desempenho muito mais fraco. Na pesquisa IPESPE, enquanto entre a população total, Bolsonaro tem 27% das intenções de voto e Lula tem 42%, no segmento popular de quem ganha até dois salários mínimos, Bolsonaro tem 20% e Lula, 48%. Uma diferença de 7 e de 6 pontos percentuais,  respectivamente. 

É uma situação bastante diferente do que ocorre em outros segmentos que também reprovam Bolsonaro. Na pesquisa IPESPE de fevereiro, na faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos — aqueles que ganham de R$ 2.424 a R$ 6.060 — a diferença entre os dois é de apenas 8 pontos percentuais. Lula tem 37% e Bolsonaro, 28% das intenções de voto. Na faixa de 5 a 10 salários mínimos — entre R$ 6.060 e R$ 12.120, em que a escolarização é mais alta —, a distância é de 12 pontos percentuais. Bolsonaro tem 30% e Lula, 42%.

Os chamados candidatos de terceira via tem baixo desempenho em todos os segmentos de renda, não alcançando os dois dígitos em nenhum dos cenários, com exceção do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, do Podemos, que aparece com 10% das intenções na pesquisa IPESPE na faixa de 2 a 5 salários mínimos. Na mesma pesquisa, Ciro Gomes do PDT e João Dória do PSDB aparecem, respectivamente, com 7% e 3%, nas faixas de até 2 salários.

Se no artigo anterior, avaliamos o comportamento dos segmentos por gênero, indicando como se comportam as mulheres no que diz respeito à avaliação do governo e intenção de voto, nos próximos, analisaremos os dados de outros segmentos que ajudam a compor uma avaliação fina sobre o comportamento político-eleitoral via segmentação por região, idade e raça/cor. •