Se o presidente Jair Bolsonaro tem conduta agressiva contra as mulheres de uma forma geral, contra as jornalistas ele é especialmente virulento. Os casos são inúmeros. Ele sempre reagiu com agressividade ao ser questionado por mulheres jornalistas.

Em 21 de junho de 2021, o presidente mandou uma repórter e integrantes da própria equipe calarem a boca, tirou a máscara, reclamou da cobertura da CNN e atacou Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo.

Antes, ainda naquele mês, chamou Daniela Lima, colunista política e apresentadora da CNN Brasil, de quadrúpede. Depois, Bolsonaro levantou a voz e hostilizou Adriana de Luca, também da CNN, e Victoria Abel, da rádio CBN, que cobriam um evento em Sorocaba, interior de São Paulo.

A Justiça condenou o governo a pagar multa por danos morais coletivos de R$ 5 milhões por ofensas contra as mulheres em declarações públicas feitas pelo presidente e outros do Executivo. 

As humilhações e perseguições de gênero por parte de Bolsonaro e seus apoiadores levou a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) a desenvolver um projeto para monitorar ataques específicos a jornalistas mulheres. Nos primeiro semestre de 2021, Bolsonaro atacou diretamente seis jornalistas mulheres. Em 2020, foram nove ataques.

A Abraji repudiou a forma pela qual a mais alta autoridade do país se dirige às mulheres em geral e às jornalistas em particular. “É vergonhoso que ele e outras figuras públicas apelem ao machismo e à misoginia para intimidar mulheres e tentar retirá-las do espaço público, conquistado após décadas de luta dos movimentos feministas”, diz em nota.

Em março, a Justiça condenou Jair Bolsonaro a indenizar a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha, por um ataque machista. “Ela queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim”, disse. No final de 2018, Patrícia publicou reportagem sobre o esquema irregular de disparo de mensagens por WhatsApp nas eleições presidenciais. •

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