Reprovação do governo é alta no Nordeste, entre as mulheres e jovens e o presidente já é mal visto por evangélicos e católicos. Na nova Quaest, 51% consideram o governo ruim ou péssimo

 

 

O governo vai mal e a popularidade está em queda livre. As pesquisas mais recentes apontam que a economia e pandemia são as grandes aflições dos brasileiros e brasileiras neste início de 2022, e há graves problemas para o presidente Jair Bolsonaro. Segundo a pesquisa realizada pela Quaest, 51% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo.

O levantamento foi realizado entre 3 e 6 de fevereiro, com 2 mil entrevistas presenciais e margem de erro de 2 pontos percentuais. A pesquisa confirma a estabilização da reprovação do governo em patamares altos. Segundo a Quaest, só 25% da população considera o governo regular e 22% apontam que é ótimo ou bom — uma tendência de estabilização, considerando a margem de erro, desde setembro de 2021.

Do ponto de vista regional, chama a atenção a alta reprovação (61%) no Nordeste e a reprovação em patamares mais baixos que a média no Centro-Oeste (42%). As mulheres reprovam mais o governo que os homens (54% a 48%). O governo é menos popular entre os jovens: 56% de reprovação e 16% de aprovação. Na base da pirâmide, o governo também tem alto índice de rejeição (57%).

O melhor segmento para o governo são os evangélicos: 37% de reprovação e 32% de aprovação. São os católicos, no recorte por religião, os que mais desaprovam o governo: 57%. Tal tendência entre mulheres, jovens, católicos e residentes no Nordeste vem sendo apontada há mais de um ano pelo Noppe em seus boletins e em artigos para a Focus Brasil. Embora seja um segmento mais favorável a Bolsonaro, cabe frisar que desde agosto de 2021, segundo o instituto, há mais evangélicos que reprovam — 37% — o governo do que os que aprovam: 32%.

Há percepção majoritária de que o governo Bolsonaro é pior que o esperado: 53%. Quando questionados sobre o desempenho em áreas específicas, revela-se muito do que compõe a reprovação ao presidente: 80% desaprovam a atuação do governo no combate à inflação, 65% no combate à covid-19, 63% na geração de novos empregos, 61% na redução da violência/criminalidade e 62% no combate à corrupção.

Nessas dois últimos pontos, a maior incidência de aprovação, com 35% e 36%, respectivamente — somente 18% aprovam o desempenho no combate à inflação. Os problemas que mais preocupam os brasileiros seguem sendo a economia (35%) e a saúde/pandemia (27%). Outros 13% consideram que questões sociais são o que mais preocupam, sendo que desses, 9% mencionam a fome e a miséria, 2% a desigualdade e 1% a pobreza e a população em situação de rua.

Segue majoritária a percepção de piora da economia brasileira no último ano: 63%. No entanto, houve queda de 10 pontos percentuais nessa percepção desde novembro de 2021 — que não resultou em aumento da percepção de melhora, e sim na percepção de que a economia “ficou do mesmo jeito” — eram 14% em novembro de 2021, 23% agora.

Em relação às finanças pessoais, 53% afirmam que houve piora da capacidade de pagar as próprias contas nos últimos 3 meses, 18% de melhora e 28% de “ficou igual”. Na base da pirâmide social brasileira, 65% relatam piora, um aumento de 5 pontos percentuais desde o levantamento de janeiro.

Neste contexto, os cenários eleitorais seguem sem grandes variações. No cenário mais amplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na liderança com 45% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 23%. O ex-juiz Sergio Moro e Ciro Gomes (PDT) estão empatados, com 7%. Os candidatos João Doria (PSDB) e André Janones (Avante) têm 2%, e Simone Tebet (MDB), 1%.

O desempenho de Lula supera todos os adversários somados, indicando a possibilidade de vitória em primeiro turno. O empate entre Moro e Ciro indica que houve queda no desempenho do ex-juiz, que chegou a pontuar 11% em outubro de 2021, e uma recuperação de Ciro — o pedetista chegou a pontuar entre 10% e 11% entre julho e outubro de 2021, caiu para 5% no levantamento do mês passado e agora, apesar da variação dentro da margem de erro, tem desempenho parecido com Moro.

Segundo a pesquisa, 45% dos brasileiros querem que Lula vença a eleição, 24% querem Bolsonaro eleito e 25% não querem nem Lula, nem Bolsonaro. Lula lidera sobre Bolsonaro entre os que consideram que o principal problema do Brasil são questões sociais (56%), entre os que consideram que o principal problema é o desemprego (52%), a economia (51%) e a saúde (44%).

Bolsonaro só venceria entre os que consideram que a corrupção é o principal problema. Ciro não varia além da margem de erro nesta segmentação, e Moro tem desempenho abaixo da média entre os preocupados com questões sociais. No segundo turno, a vantagem de Lula para Bolsonaro segue a mesma desde setembro de 2021: 54% para o petista e 30% para o líder da extrema-direita.

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