PT. 42 anos de luta em defesa do povo brasileiro

A histórica legenda, o mais admirado partido político brasileiro, completa 42 anos de sua criação. São quatro décadas de mobilização, sonhos, alegrias e realizações multiplicadas pelos corações de militantes e o desejo de transformar o Brasil numa Nação

 

 

Qual é o seu PT? Sim, todo o brasileiro ou brasileira, desde as primeiras memórias registradas conscientemente, tem um PT para chamar de seu. Mesmo quem diz não gostar dele – aliás, entre estes, é grande a obsessão por ter um PT sob medida, à luz de sua vontade pessoal. Aos 42 anos de vida, completados em 10 de fevereiro, a influência do Partido dos Trabalhadores só cresce. No plano concreto, sua presença é tão grande quanto a da própria política brasileira. No plano simbólico, subjetivo, a diversidade de retratos do partido é imensa.

A disputa política do passado, característica eterna das sociedades, não se dá sem o PT. Não só no Brasil, mas no plano internacional também. O partido que já somava na arrancada cinco deputados federais – eleitos em 1978 por outras agremiações, filiaram-se após o partido obter seu registro oficial no Tribunal Superior Eleitoral – teve seu início impulsionado pelas mobilizações operárias, camponesas e estudantis, que pretendiam criar um canal de representação formal para suas reivindicações e desejos. A legenda aglutinou intelectuais, artistas e antigos militantes de outras experiências partidárias e revolucionárias. O PT nascia ligado às massas e com essa vocação. Sacudiu as estruturas, com uma mensagem contagiante, despertando paixões.

Nessa trajetória, foi objeto de muitas profecias, da glória suprema ao fim iminente. Transitando pela realidade, tornou-se exercício permanente de poder. Chegou ao Executivo primeiro em eleições municipais, com figuras tão diversas como o metalúrgico e líder grevista Gilson Menezes, em Diadema (1982) e, anos depois, a professora Maria Luíza Fontenelle, em Fortaleza (1986), a assistente social Luiza Erundina, em São Paulo, e o bancário Olívio Dutra, em Porto Alegre (1989). Nessas prefeituras, o PT adota políticas que começam a derrubar tabus e a produzir mudanças significativas que passariam a compor a agenda nacional, como a urbanização de favelas, o orçamento participativo, a saúde pública descentralizada e universal e a educação inclusiva. Cidades governadas pelo PT tornaram-se objeto permanente do noticiário nacional.

No Legislativo, o partido também marcou sua expansão naqueles anos iniciais. Em 1983, os oito deputados eleitos tomam posse na Câmara dos Deputados. Em 1986, as eleições para a futura Assembleia Nacional Constituinte consagram 16 petistas, entre eles Benedita da Silva, Florestan Fernandes e Luiz Inácio Lula da Silva. Na eleição seguinte, com o amadurecimento do partido e a força da campanha de Lula à Presidência, em 1989, a bancada federal do PT sobe para 40 deputados.

Entre as muitas críticas desferidas pelos políticos e parte da chamada grande imprensa contra o PT, naquela época, uma frequente dizia respeito ao que chamavam de “brigas internas”, modo conservador de se referir à pluralidade de tendências e ao método de tomada de decisões a partir de encontros por vezes abrasivos.

Eis outra imagem que diz muito sobre o PT de cada um, e sobre o PT de todos. Mesmo após ter sido governo, inclusive no plano federal com Lula e Dilma Rousseff, o que impõe novos ritmos e lógicas externos ao próprio partido, o PT mantém o debate interno sobre seus próprios rumos e o destino do Brasil, na perspectiva de cada visão de mundo influenciar o país, no rumo da superação das desigualdades sociais seculares.

Desde os primórdios, em torno de temas como a necessidade ou a possibilidade de estatização total, ou a suspensão do pagamento das dívidas externa e interna, até os dias de hoje, com a agência das lutas antirracista, do feminismo, das periferias, das bandeiras LGBTQIA+, a diversidade da pauta e a força política da organização são impressionantes. Cada um, cada uma, quer ter um PT mais seu e de todos.

De figuras simbólicas, com auras quase míticas, o PT sempre foi pródigo. Foi criado por elas, assim como por milhões de anônimos e quase famosos, e também ajudou a criá-las, ao amplificar suas vozes. Chico Mendes e sua palavra correram o mundo e ainda fazem eco, mesmo depois de 34 anos de seu assassinato. Intelectuais brilhantes, orgânicos ao partido, como Antonio Cândido, fizeram história e permanecem chegando à legenda. Nomes, cores. São tantos que não cabem neste texto.

Também existe um Lula preferido de cada petista. O símbolo maior do partido é disputado no imaginário coletivo e pessoal. Qual aquele que você guarda com mais carinho, ou aquele que você gostaria de construir à sua imagem e semelhança? Nas incontáveis selfies exibidas orgulhosamente por fãs nas redes sociais, na memória das cinco campanhas presidenciais, nas previsões e propostas que queremos ver concretizadas na campanha de 2022, há milhões de Lulas.

Quem viveu a campanha de 1989 guarda com carinho aquele jeito novo e intrépido de irromper no cenário político. Os materiais de divulgação, o jingle sempre revisitado: Lula lá. Naquele segundo turno, inclusive, exerceu-se com vigor a política de construção de apoios para além do PT, e um dos resultados mais impactantes foi a vitória da legenda nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com a soma da militância brizolista. Mas como não se emocionar com a subida de Lula na rampa do Palácio do Planalto, naquele janeiro de 2003 repleto de povo em Brasília? Como não debater apaixonadamente os seus dois governos, na perspectiva do que nos agradou e do que nos agradaria, fosse a realidade maleável ao nosso gosto?

E a Dilma pelas ruas do Distrito Federal, sobre um Rolls-Royce cuja placa estampava a palavra “presidenta”, assim, com A? Aqueles que choraram, a distância ou sob o sol inclemente do Planalto Central no dia em que Dilma foi afastada, emocionados e conscientes de que a ilegalidade e a injustiça se desdobrariam sobre o povo, conforme a própria presidenta havia previsto, tampouco se esquecem.

Depois, Lula foi preso em Curitiba. Novo espanto para quem insiste em não entender o PT: o inarredável Acampamento Lula Livre a envolver as cercanias do prédio da Polícia Federal, o 1º de Maio de 2018 a encher a praça principal da cidade. Um partido único. Um partido que se junta, com todos e todas, entre erros e acertos, em nome de ideais compartilhados por um Brasil mais justo, mais solidário e menos desigual.

Com a energia dos sonhos e também das realizações, esse PT de todos e de cada um e cada uma tem 42 anos de histórias, multiplicadas pelos corações de militantes Brasil afora. E continua chegando gente, a exemplo da geração que nasceu e se formou já sob os governos petistas, que sabe que outro país existe e pode retornar. •