Como o PT salvou o Brasil: crescimento econômico
Nos governos de FHC, o PIB apresentou média anual de 2,5%. Com Lula, a taxa subiu para 3,5% e, depois, no segundo mandato, foi a 4,7%. O crescimento da economia ampliou a renda por habitante, que foi a R$ 39,4 mil com Dilma em 2014
Eduardo Fagnani
Gerson Gomes
Guilherme Mello
No décimo segundo e último artigo da série que desconstroi as mentiras de que a política econômica do PT “quebrou o Brasil”, tratamos de mostrar como a reativação do mercado interno de consumo de massas e a expansão dos investimentos públicos e privados foram motores do crescimento econômica e da melhoria da renda por habitante.
O crescimento do PIB nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) apresentou média anual em torno de 2,5%. No primeiro mandato de Lula, o índice subiu para 3,5% e atingiu 4,7% no segundo mandato de Lula.
Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade da narrativa de que o PT quebrou o país apresentando fatos e números do comportamento da dívida externa. Ainda tratamos das reservas cambiais, da dívida pública interna, dos resultados primário e nominal, da queda da taxa de juros e seus impactos na redução das despesas financeiras do governo central. E, ainda, da mudança na composição da dívida, reduzindo a vulnerabilidade cambial e fiscal. O comportamento desses indicadores absolutamente não ‘revela’ que a economia, ao cabo dos governos petistas, estivesse vivendo “crise terminal”.
Ainda mostramos que o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos desse crescimento. Além do mercado interno, o crescimento foi impulsionado pela elevação da taxa de investimento, que subiu de 17,5% do PIB, em média, entre 1995-2002, para 19,3% do PIB, no segundo governo Lula, e 20,5% do PIB, primeiro governo Dilma. O investimento público federal também cresceu nos governos petistas: a média anual do investimento público total — empresas estatais mais governo central — declinou, de 1,9% do PIB para 1,3% do PIB, entre o primeiro e o segundo mandato de FHC; estabilizou-se nesse patamar, entre 2003 e 2006; e subiu para 2,1% do PIB no segundo mandato de Lula, e para 2,3% do PIB, no primeiro mandato de Dilma.
No primeiro governo de Dilma, a média anual do crescimento do PIB recuou para 2,4%. Como se sabe, essa quadra foi marcada pelo cenário externo desfavorável decorrente da crise financeira internacional de 2008, que se prolongou com a crise europeia. Houve no período, a desaceleração do ciclo de consumo e investimento, um cenário de crescentes turbulências políticas a partir de junho de 2013 e, ao final, uma queda expressiva no preço das commodities, que restringiu a expansão de diversos setores econômicos brasileiros.
A queda do PIB ocorrida em 2015 — -3,5% — decorreu da inflexão nos rumos da economia, do agravamento da crise política e dos efeitos disruptivos da operação Lava Jato, que destruiu setores produtivos e empregos em sua estratégia de desmonte das empresas nacionais. A partir da reeleição de Dilma, a oposição passou a apostar no golpe, na instabilidade institucional e na imposição de limites legislativos para a condução da política econômica.
O gráfico 2 aponta que esse ciclo de expansão, após mais de 20 anos de crescimento medíocre da economia, fez com que o PIB brasileiro, a preços constantes, subisse de R$ 5,3 trilhões (2002) para R$ 8,0 trilhões (2014), um aumento de 51%. A crise de 2015, pelas razões apontadas, e a condução da economia dos governos Temer e Bolsonaro, somada aos efeitos da pandemia, fizeram com que o PIB de 2020 retornasse para o patamar de 2010.
O crescimento da economia ampliou a renda por habitante. O gráfico 3 mostra que o PIB per capita subiu de cerca de R$ 29 mil nos governos de FHC para R$ 39,4 mil (2014) e R$ 37,7 mil (2015). Nos governos Temer e Bolsonaro, o PIB per capita retorna aos níveis de 2008.
O fato é que, nos governos petistas, a taxa de crescimento médio anual do PIB per capita foi bastante superior ao verificado nos governos anteriores e posteriores. Observe-se que taxa de crescimento médio anual do PIB per capita subiu de 0,8% (governos FHC) para 2,3% (primeiro governo Lula) e 3,6% (segundo governo Lula). Essa média caiu para 1,5% entre 2011 e 2014 (quase o dobro da verificada entre 1995/2002). O resultado negativo de 2015, como mencionado, deve-se, em grande medida à crise política preparatória do golpe parlamentar que impôs limites para a condução da política econômica. Esse fato, aliado à “austeridade permanente” adotada no governo Temer, responde pela queda expressiva registrada entre 2015 e 2018, colocando o Brasil numa trajetória de depressão econômica.
Portanto, no caso desses indicadores, não se sustenta a afirmação de que a “crise” que teria sido gerada pelos governos do PT teria sido “fundamentalmente uma crise de irresponsabilidade fiscal”, como o arbítrio mais delirante nunca se cansa de repetir. Mais uma vez, os dados confirmam que a narrativa dominante jamais teve em vista os interesses do Brasil e dos brasileiros. Aquela “crise” inventada só serviu aos interesses econômicos e políticos dos protagonistas da farsa que foi o impeachment de Dilma Rousseff. •
* Doutor em Economia pela Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho da Unicamp. ** Membro do Conselho do Centro de Altos Estudos do Brasil para o Século 21. Foi funcionário de carreira da FAO e da CEPAL e assessor econômico no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. *** Professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp.