A piora da conjuntura, com agravamento da crise por conta da condução da política econômica e do impacto da pandemia no país, colocam o presidente na sua posição mais frágil. Para 65%, a economia está no caminho errado

 

Matheus Tancredo Toledo

 

A economia e pandemia continuam sendo grandes fontes de preocupação para os brasileiros neste início de 2022. É o que apontam as pesquisas mais recentes divulgadas pelos institutos de opinião. Neste artigo, trazemos as análises do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, sobre os levantamentos. Em janeiro, apontamos que os dois temas eram o que impulsionavam a reprovação popular ao governo de Jair Bolsonaro.

Levantamento do Ipespe, realizado entre 24 e 25 de janeiro, com 1 entrevistas telefônicas e margem de erro de 3,2 pontos percentuais, confirma a tendência observada antes. Para 65% da população, a economia brasileira está no caminho errado. Essa percepção tem relação direta com as finanças pessoais. O mesmo instituto já havia apontado em outra pesquisa, realizada entre 10 e 12 de janeiro, que há perspectiva de aumento do endividamento pessoal para 32% dos entrevistados. Outros 34% temem que continuem endividados ao longo do ano.

O instituto Quaest traz outro retrato da percepção do eleitorado brasileiro. Realizada no início de janeiro, o levantamento traz quais são os problemas que mais afligem a opinião pública. O levantamento, feito entre 6 e 9 de janeiro, com 2 mil entrevistas presenciais — e com dois pontos de margem de erro — aponta que a economia (37%), a pandemia (28%), questões sociais (13%) e a corrupção (9%) são as principais preocupações da população.

Ao analisar os dados de maneira mais atenta, percebe-se que a compreensão dos problemas econômicos passa pelo emprego e renda, visto que a composição dos 37% está colocada da seguinte forma: 17% mencionaram o desemprego, 10% o crescimento econômico e 9% a inflação.

Soma-se a isso a menção feita às questões sociais – 9 pontos percentuais dos 13% que apontaram tais aspectos destacaram que sua maiores angústias são o aumento da fome e da miséria no país. Segundo o Quaest, há grande preocupação com a pandemia: 69%. É o maior índice registrado desde setembro. A sensação de deterioração das finanças pessoais aflige 51% e da economia brasileira, 66%.

De acordo com o instituto, é possível vincular tais aspectos à reprovação de Bolsonaro. Quando questionados sobre o desempenho do presidente em relação a alguns desses temas, fica notória a percepção do baixo desempenho do governo Bolsonaro.

Nada menos que 80% desaprovam a atuação do presidente no combate à inflação, 61% o acusam de não combater as queimadas na Amazônia, 63% consideram que ele não trabalha pela geração de novos empregos — mesmo número dos que desaprovam a atuação dele no combate à Covid-19. Outros 61% se preocupam com violência e clamam pela redução da criminalidade e 58% mostram lamentam a falta de combate à corrupção.

Tais percepções mantém a reprovação ao governo em patamares elevados. Segundo a pesquisa mais recente, feita pelo PoderData entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro, com 3 mil entrevistas por telefone e margem de erro de 2 pontos percentuais, o governo de Bolsonaro é considerado ruim ou péssimo para 53% dos brasileiros, enquanto 27% o consideram ótimo ou bom e 17% veem como regular. Outros 3% não souberam opinar. •

 

* Cientista político com mestrado na PUC-SP, é analista do Noppe, da Fundação Perseu Abramo.