A semana na história – 17 a 23 de Setembro
17 de setembro de 1971
REPRESSÃO MATA O CAPITÃO LAMARCA
É assassinado no sertão da Bahia o capitão Carlos Lamarca, um dos principais líderes da luta armada contra a ditadura. Lamarca foi capturado na localidade de Pintada, no interior da Bahia, por militares integrantes da Operação Pajuçara, sob comando do major Nilton Cerqueira. Juntamente com José Campos Barreto, o Zequinha, o capitão foi encontrado descansando sob uma árvore, fraco e doente. Desde a morte de Carlos Marighella, em novembro de 1969, Lamarca era o alvo número 1 dos órgãos da repressão militar.
O fato de ter abandonado o Exército para aderir à guerrilha atraiu contra ele a ira dos comandantes das Forças Armadas, que o consideravam um desertor. Lamarca não era um capitão qualquer: campeão de tiro e um dos principais especialistas em contrainsurgência do Exército, ele havia participado das Forças de Paz da ONU no Canal de Suez.
Nos pouco mais de dois anos em que viveu clandestinamente, Lamarca demonstrava ansiedade para estabelecer um foco guerrilheiro no interior do país. Exasperava-se com os intermináveis debates teóricos sobre a estratégia que seria adotada e com os sucessivos adiamentos. Era um homem de ação. Frustrado com a indecisão e com a falta de recursos materiais da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), aderiu em 1971 ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que prometia montar imediatamente um núcleo guerrilheiro no sertão da Bahia. Com Zequinha, Otoniel Campos Barreto e Luiz Antônio Santa Bárbara, Lamarca começou a organizar uma rede de apoio na região. Mas, em pouco tempo, seu paradeiro seria descoberto pela repressão. A tropa que partiu em seu encalço era formada por mais de 200 agentes.
23 de setembro de 1966
PM COMANDA O MASSACRE DA PRAIA VERMELHA
Durante a madrugada, policiais militares derrubam o portão da Faculdade Nacional de Medicina (atual UFRJ), na Praia Vermelha, e invadem o prédio onde estavam cercados desde a véspera cerca de 600 estudantes. Concentrados no terceiro andar, os jovens são obrigados a atravessar um corredor polonês e espancados indiscriminadamente até a saída da faculdade. Foi o primeiro grande confronto entre forças da repressão e estudantes depois do golpe de 1964 e ficou conhecido como Massacre da Praia Vermelha. O ataque começou na véspera, quando a polícia reprimiu a passeata pelo Dia Nacional de Luta convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), colocada na ilegalidade pela ditadura. Em várias capitais, os universitários protestaram contra a cobrança de anuidades nas universidades públicas, o projeto de reforma universitária inspirado pelo governo dos EUA e a ditadura que se institucionalizava no país.
22 de setembro de 1977
POLÍCIA INVADE PUC-SP EM NOITE DE TERROR
Na noite de 22 de setembro de 1977, cerca de 2 mil estudantes de São Paulo e delegações de todo o país participam de ato público pela recriação da União Nacional dos Estudantes (UNE) em frente ao Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica (PUC), onde são surpreendidos pela ação violenta de 3 mil policiais das forças de repressão do governo paulista.
Sob comando do secretário da Segurança Pública, coronel Erasmo Dias, a tropa, apoiada por blindados, investiu com truculência contra os estudantes, que tentavam se abrigar dentro da universidade. O prédio foi invadido pelos policiais, que prenderam alunos e espancaram professores. Bombas explodiram e seis estudantes sofreram queimaduras. Dezenas foram levados para o Dops. A invasão da PUC foi uma das últimas ações violentas da ditadura contra o movimento estudantil.
21 de setembro de 1983
CUT JUNTA OPOSIÇÃO E RUA CONTRA O ARROCHO
Com as galerias lotadas por militantes e dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Congresso Nacional rejeita o Decreto-Lei 2.024, o primeiro de uma série de decretos de arrocho salarial editados pelo governo João Figueiredo a partir de janeiro, por exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi a primeira vez que a oposição conseguiu derrubar um decreto-lei da ditadura, contando com os votos de 11 deputados do PDS, partido do governo.
A política de arrocho, no entanto, continuou em vigor, por causa de outro decreto-lei, o de número 2.045, editado em julho, que limitava os reajustes a 80% da inflação. Em 18 de outubro, prazo final para a votação do decreto, Figueiredo decretaria estado de emergência em Brasília, alegando que a cidade estava tomada “por agitadores recrutados de todas as partes do país”.
Em clima tenso, com policiais nas galerias, o Congresso derrubou naquela tarde o decreto 2.045, contando mais uma vez com dissidentes do PDS. Outros três decretos de arrocho, aumento do Imposto de Renda e cortes nas estatais foram derrubados na mesma sessão. Os recuos do governo na política de arrocho, ainda que parciais, foram a primeira vitória da CUT em articulação com os partidos de oposição.