Menos popular, mais extremista
Às vésperas das manifestações bolsonaristas de 7 de Setembro, institutos seguem apontando recordes de reprovação do governo e rejeição ao atual presidente, além da percepção de problemas relacionados à economia no Brasil. Além disso, a população parece ver cada vez com mais cautela a presença de militares no governo. Enquanto isso, aumenta a vantagem de Lula contra Bolsonaro nos cenários eleitorais.
A mais recente pesquisa do instituto Quaest corrobora levantamentos anteriores. A avaliação negativa do governo segue em tendência de alta, num patamar de 48% segundo o instituto — um aumento de 4 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior. Vale frisar que Bolsonaro enfrenta um dos piores momentos em termos de popularidade, superior até — a depender da pesquisa — ao momento mais agudo do início da pandemia no Brasil (entre abril e junho de 2020).
Dados dos últimos levantamentos dão pistas do que pode levar cerca de metade dos brasileiros a reprovar o governo — e um número ainda maior a rejeitar o presidente. Segundo a pesquisa da Quaest, houve um crescimento considerável da percepção de que o problema do país é econômico. Se em julho, 10% dos entrevistados apontaram este como principal problema do país, na última pesquisa foram 21%.
Outros temas relacionados também são mencionados, como o desemprego (14%), a pobreza/desigualdade (9%) e a inflação (6%). O crescimento desta percepção acompanha uma diminuição na percepção em relação à saúde e pandemia, cuja menção diminui de 41% para 28% no mesmo período — coincidente com o avanço da vacinação no Brasil.
Em uma pergunta específica sobre a situação econômica, a Quaest aferiu que são 68% os que sentem que houve piora nos últimos 12 meses. Um número semelhante, de 65%, acreditam que o Brasil não controlará o aumento de preços nos próximos meses. São dados que dialogam com os resultados da pesquisa XP/Ipespe de agosto, já mencionados no artigo anterior: foram 63% que veem a economia brasileira no caminho errado.
Enquanto os brasileiros sofrem com preços cada vez mais altos num momento de incerteza econômica, desemprego e queda na renda, aposta na radicalização que o bolsonarismo tem feito, ameaçando à democracia e prometendo tomar as ruas contra os outros Poderes não aparenta ter apoio para além dos seguidores mais fiéis do presidente.
A pesquisa PoderData de agosto, por exemplo, trouxe que 52% dos brasileiros consideram negativa a presença de militares na política e no governo — o que destoa do pedido de bolsonaristas para que estes intervenham na democracia para beneficiar o presidente.
O trabalho das Forças Armadas no país é visto como ruim ou péssimo para 29% dos brasileiros, um aumento de 13 pontos percentuais desde janeiro deste ano. No mesmo período houve queda de 11 pontos na percepção positiva, que agora é de 30% — o que demonstra que a atuação dos militares próximos ao presidente da República tem abalado o prestígio que as Forças historicamente tinham no Brasil.
Por fim, a pesquisa Quaest explicita a ampliação da vantagem do ex-presidente em uma eventual disputa de segundo turno para 25 pontos (dado que o último levantamento do Poderdata também traz), e uma possível vitória logo no primeiro.
No cenário reduzido — com Lula, Bolsonaro, Dória e Ciro — o ex-presidente teria 54% dos votos válidos, enquanto nos cenários mais ampliados varia de 49 a 50% — os cenários incluem nomes como José Datena, Luiz Henrique Mandetta, Eduardo Leite e Simone Tebet. O instituto também perguntou quais as razões da escolha de parte dos entrevistados em Lula: 59% por sua gestão, 12% pela economia, 8% por anti-bolsonaro, 5% por características pessoais e 16% por razões diversas.