Como a família Bolsonaro ganhou dinheiro? Novas denúncias apontam que ZeroUm, ZeroDois e a ex-esposa desviaram recursos

 

O cerco está se fechando contra a família do presidente. O Tribunal de Justiça do Rio determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). A medida é resultado da investigação que apura a prática de “rachadinha” por meio da contratação de funcionários “fantasmas”. No pedido, os promotores lembraram que o modus operandi é semelhante ao detectado no gabinete do irmão, Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual.

O gabinete de Carlos pagou R$ 7 milhões a funcionários suspeitos de serem “fantasmas”. A investigação foi aberta em julho de 2019, mas somente agora os promotores pautaram a prática de “rachadinha”. O MPRJ identificou que Carlos manteve e utilizou grandes quantias de dinheiro vivo ao longo dos mandatos, desde 2001. A quebra do sigilo inclui ainda outras 26 pessoas e empresas.

Ana Cristina Siqueira Valle – ex-mulher de Bolsonaro, mãe do filho Jair Renan — está enrolada no caso. Ela era chefe de gabinete de Carlos desde o início do seu mandato. Na quinta-feira, 2, o jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, trouxe a denúncia de um ex-assessor de Flávio — Marcelo Luiz Nogueira dos Santos — que era obrigado a devolver mensalmente 80% de seu salário.

Nogueira disse ainda que Bolsonaro decidiu transferir para Flávio e Carlos o comando do esquema de desvio de dinheiro nos gabinetes de ambos após descobrir que era traído pela ex-mulher. O ex-funcionário revelou que ela foi a primeira a controlar todo o recolhimento de parte dos salários de todos os assessores parlamentares dos dois filhos do presidente, respectivamente primeiro e segundo herdeiros de Bolsonaro.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT-PE), pediu que o governo garanta a proteção de Nogueira e do jornalista Guilherme Amado. Humberto solicitou ainda que Nogueira seja incluído no Programa Nacional de Proteção de Testemunhas do Ministério da Justiça.