Dois brasileiros símbolos da luta por um Brasil mais justo e solidário faleceram na semana que passou. O país perdeu Manoel da Conceição, líder dos trabalhadores rurais no Maranhão, e a socióloga Anna Peliano, uma das mães do programa Bolsa Família.

Manoel nasceu em 1935, em Coroatá, no Maranhão, filho de lavradores. Desde muito jovem, insurgiu-se contra as desigualdades sociais e a perseguição de grileiros e ladrões de terras públicas no nordeste brasileiro. Em 1963, ingressou no Movimento de Educação de Base (MEB), onde tornou-se monitor.

Em fevereiro de 1964, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pindaré-Mirim. Com o Golpe de 1964, é ferido e preso, perde uma de suas pernas. Preso político por três anos, exilou-se em Genebra, na Suíça, de onde voltou em 1979 para participar do movimento que deu origem ao Partido dos Trabalhadores e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ele morreu em Imperatriz (MA), vítima de uma broncopneumonia.

Em Brasília, Anna Peliano faleceu aos 73 anos. Funcionária do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) por 37 anos, ela foi coordenadora do Núcleo de Estudos da Fome, da UnB, e uma das mentoras do Mapa da Fome, que serviu de subsídios para a campanha de Herbert de Souza, o Betinho, em 1993.

Anna coordenou o programa “Comunidade Solidária”, no governo de Fernando Henrique Cardoso e foi diretora de estudos sociais no IPEA, nos governos Itamar e Lula. Ela contribuiu decisivamente na formulação e implantação do vitorioso programa “Bolsa Família”. Deixa um legado de lutas em defesas dos pobres brasileiros. A socióloga lutava contra um câncer.

O Brasil perde Manoel da Conceição e Anna PelianoO Brasil perde Manoel da Conceição e Anna Peliano