EDITORIAL – O Brasil entre a esperança e o ódio
A polarização está dada. O Brasil se divide hoje entre o compromisso com a democracia ou o saudosismo da ditadura. Entre a ciência e o negacionismo. Entre o direito das mulheres e dos negros ou o machismo e o racismo estrutural. Entre a inclusão educacional ou a exclusão dos mais pobres das universidades. Entre o direito à educação ou o apartheid educacional das crianças com deficiência. Entre o desenvolvimento sustentável e o neoliberalismo predatório. Em resumo: entre a civilização e a barbárie.
A encruzilhada da história coloca o país entre a esperança e o ódio e, assim como a esperança derrotou o medo em 2002, 20 anos depois a esperança derrotará o ódio. A visita de Lula ao Nordeste é o primeiro passo dessa promissora caminhada de resgate da esperança. É um reencontro de Lula com o Brasil profundo. É o reinício da jornada de uma grande liderança popular, cuja trajetória de vida e sofrimento é a própria saga da Nação e do povo.
Sem dúvida, Lula é o brasileiro que mais percorreu os caminhos esquecidos e invisíveis onde sobrevivem e resistem milhões de brasileiros, filhos da pobreza, abandonados pelas políticas públicas, oprimidos pelas estruturas de poder e excluídos das oportunidades de uma vida digna.
Historicamente, foram as caravanas com Lula, desde a memorável e heróica campanha de 1989, que colocaram na pauta a agenda que verdadeiramente dialoga com o cotidiano do povo brasileiro: fome, analfabetismo, falta de moradia, de energia, médicos e remédios, a carteira de trabalho sem assinatura do empregador e o desejo sempre adiado de acesso à educação e cultura.
Lula tem afirmado que é imperativo colocar o povo no orçamento e fazer os ricos pagarem impostos. Uma primeira diretriz para diminuir a desigualdade e criar as bases do crescimento solidário. Quando diz que mais vale a floresta em pé do que soja plantada na Amazônia, Lula sintetiza a expectativa de todo planeta, porque as consequências do aquecimento global estão cada vez mais presentes, como a mudança do regime de chuvas, as secas prolongadas e os extremos climáticos.
É inconcebível que o país que mais produz e exporta alimentos assista passivamente que 85 milhões de pessoas passem fome ou sobrevivam com insegurança alimentar. Também é inaceitável a taxa recorde de desemprego, de desalentados e de subempregados, pessoas que se somam a uma multidão de brasileiros que voltaram para a miséria e pobreza. São provas do fracasso da agenda neoliberal e da ortodoxia fiscal. O Brasil grita por novo padrão de desenvolvimento, justo, sustentável e solidário.
A chamada terceira via, além de não ter votos, não traz qualquer proposta capaz de reverter a tragédia que ajudou a patrocinar: Bolsonaro-Guedes. Tenta salvar o indefensável, insistindo no neoliberalismo e na ortodoxia fiscal permanente. Agora, quer descartar Bolsonaro, mas manter o projeto econômico fracassado, que vem condenando por gerações a América Latina à financeirização crescente, ao baixo crescimento e à instabilidade econômica e política. Por isso, tentam dizer que o ódio e a esperança são a mesma coisa. Não são!
O povo sabe e cada dia passa a ter maior convicção e saudades de um tempo recente em que o Brasil tinha estabilidade, democracia plena, crescimento, distribuição de renda, mais justiça social, autoestima, soberania e uma relação ativa e altiva com as demais nações do planeta. A presença de Lula no Nordeste, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, mostra o vigor de uma campanha que está apenas se iniciando e que vai mobilizar e encantar o povo com o resgate da esperança e com uma agenda portadora de futuro.
Lula voltou e com ele a esperança da Nação!