A explicação apresentada pelo governo não tem base na realidade. Os Correios, na verdade, têm histórico de lucros.

Sob muitas críticas da oposição, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei (PL) que autoriza a privatização dos Correios. Foram 286 votos a favor e 173 contra. O Projeto de Lei 591/21, do Poder Executivo, autoriza que a iniciativa privada explore todos os serviços postais. A proposta estabelece condições para a desestatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e remete a regulação do setor à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A matéria será enviada ao Senado e em caso de alterações no texto, retornará à Câmara dos Deputados antes de ir à sanção do presidente da República.

O governo pretende realizar o leilão da estatal no 1º semestre de 2022. A justificativa para a privatização dos Correios, estatal que conta com mais de 90 mil empregados, é de que haveria incerteza com relação à autossuficiência e capacidade de investimentos futuros por parte dos Correios. A explicação apresentada por Paulo Guedes e defendida pela bancada governista não tem base na realidade. A ECT, na verdade, tem histórico de lucros. Nos últimos 20 anos, foram R$ 12,4 bilhões. Ao todo, 73% desse valor foi repassado para o único acionista da empresa, o governo federal. Diante dos números, a argumentação do governo não se sustenta. Resta saber qual é o real objetivo da proposta, a quais interesses ela atende. 

 

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