A SEMANA NA HISTÓRIA – 23 a 29 de julho
23 de julho de 1993
A CRUELDADE DA CHACINA DA CANDELÁRIA
Cerca de 50 meninos e meninas de rua entre 11 e 19 anos, dormem em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio, quando são atacados por seis policiais que abrem fogo contra o grupo. Oito morrem e muitos ficam feridos. O episódio teve grande impacto e forte repercussão internacional. A pressão da opinião pública e de organizações brasileiras e estrangeiras impediu que as investigações fossem bloqueadas, como aconteceu em relação à chacina de Acari. O inquérito apontou que os seis policiais militares planejaram friamente o massacre. Três foram condenados, dois absolvidos e um morreu durante as investigações. Foram assassinados Paulo Roberto de Oliveira, Anderson de Oliveira Pereira, Marcelo Cândido de Jesus, Valdevino Miguel de Almeida, Leandro Santos da Conceição, Paulo José da Silva e Marcos Antônio Alves da Silva.
24 de julho de 1970
BRASIL TEM IMAGEM DE PAÍS DA TORTURA
A Comissão Internacional de Juristas, em Genebra, faz denúncia junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a prática de torturas pela ditadura. Em um documento preparado a partir de relatos de vítimas de violações de direitos humanos, a organização registrou a existência de esquadrões da morte e classificam a situação no Brasil como de “guerra civil”. O governo militar proibira a entrada da entidade nas prisões do país.
25 de julho de 1966
COSTA E SILVA ESCAPA DE ATAQUE A BOMBA
Uma bomba explode no Aeroporto de Guararapes, em Recife, onde pousaria o avião da comitiva do general Arthur da Costa e Silva. O então ministro da Guerra viajava preparando-se para suceder Castelo Branco. Costa e Silva acabou escapando por ter mudado de rota e desembarcado na Paraíba. Morreram o secretário do Governo de Pernambuco, André Régis de Carvalho, e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes.
25 de julho de 2009
ANUNCIADA A REVISÃO DO TRATADO DE ITAIPU
Brasil e Paraguai anunciam a revisão do Tratado de Itaipu, que regulamenta a utilização da energia gerada pela hidrelétrica binacional. De acordo com a revisão, o Brasil passa a pagar duas vezes mais pela energia excedente que compra do Paraguai, com novo desembolso anual de cerca de US$ 360 milhões. Além disso, acerta-se a construção de uma linha de transmissão ligando Itaipu a Assunção, com extensão de 300 quilômetros e custo de US$ 450 bilhões, financiado pelo Brasil. O Paraguai consumia apenas 5% da metade da produção que lhe cabia na binacional, e vendia o restante ao Brasil a preço de custo: cerca de US$ 45 por quilowatt. Desses, cerca de US$ 42 destinavam-se à amortização da dívida contraída pelo Brasil na década de 1970.
26 de julho de 1930
JOÃO PESSOA É MORTO A TIROS NO RECIFE
O candidato a vice-presidente na chapa da Aliança Liberal, João Pessoa, é assassinado a tiros numa confeitaria no centro do Recife. O crime, motivado por questões passionais e por razões políticas locais, choca o país. O assassino de Pessoa, seu inimigo político João Dantas, leva um tiro de raspão e é preso.
A tensão na Paraíba tinha crescido muito desde 1929, quando João Pessoa defendera a renovação total da bancada do estado na Câmara Federal. Seu objetivo era afastar João Suassuna, ex-presidente do estado, que apoiava a chapa Júlio Prestes/Vital Soares. Para tanto, usou das prerrogativas dadas pelo estatuto do Partido Republicano da Paraíba e assinou sozinho o manifesto de apresentação dos candidatos. Esta atitude levou vários líderes do partido a romper com a Aliança Liberal.
26 de julho de 1990
MÃES DE ACARI LUTAM PELOS FILHOS MORTOS
Onze jovens, sete menores de idade, são sequestrados por supostos policiais. Os meninos, moradores da favela de Acari, passavam o dia num sítio em Suruí, em Magé (RJ). Inicialmente, os invasores exigiram dinheiro e joias e depois o pagamento de resgate para a libertação do grupo, segundo a única testemunha sobrevivente, Laudicena do Nascimento, então com 71 anos. Ela e o neto de 12 anos fugiram para o mato e escaparam.
27 de julho de 1938
O ‘REI DO CANGAÇO’ É MORTO EM TOCAIA
O mais terrível cangaceiro do sertão é morto numa emboscada da polícia alagoana. Depois de aterrorizar o sertão nordestino, da Bahia ao Ceará, durante 15 anos, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, é encurralado na fazenda Angicos, divisa de Alagoas com Sergipe, com mais dez cangaceiros. Desde 1923 Lampião e seu bando vinham assaltando fazendas e cidades do sertão, roubando gado, sequestrando, torturando, mutilando, estuprando, saqueando e matando. Os relatos de suas ações apavoravam a todos. A volante da polícia atacou pela manhã, com tiros de metralhadoras. Corisco e outros cangaceiros conseguiram fugir, mas Lampião, Maria Bonita, Enedina, Luís Pedro, Elétrico, Moeda, Alecrim, Colchete, Quinta-Feira, Mergulhão e Macela morreram ali mesmo. Todos foram decapitados.
28 de julho de 1966
DO PORÃO DA IGREJA, UNE DESAFIA O REGIME
Perseguida desde o momento do golpe e proibida de atuar no país, a ex-UNE, como era chamada a entidade pelas autoridades da ditadura, realiza clandestinamente seu 28º Congresso no porão da Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte. Mais de 300 delegados de todo o país comparecem, desafiando a proibição e a vigilância da polícia política.
29 de julho de 1998
GOVERNO PRIVATIZA O SISTEMA TELEBRÁS
Em 12 leilões consecutivos na Bolsa do Rio, o governo Fernando Henrique realiza a maior privatização do setor de telecomunicações ocorrida no mundo. O processo ocorre em meio a protesto e contestações judiciais. O sistema Telebrás é vendido por R$ 22 bilhões, com ágio de 63,7% sobre o preço mínimo fixado.
Esta publicação é fruto da parceria entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda, da FPA, e o Memorial da Democracia. Os textos remetem a um calendário de eventos e personalidades da esquerda que é colaborativo e está em constante atualização. Envie suas sugestões por e-mail para [email protected]