Reconhecido no mundo pela excelência de sua produção científica, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vive uma crise sem precedentes. Falta dinheiro e o Palácio do Planalto se mantém como inimigo público da ciência e do órgão, responsável por estudos fundamentais, incluindo o monitoramento por satélites da região amazônica e do território nacional.

Ex-diretor do INPE entre 2005 e 2012, o cientista Gilberto Câmara alerta que a Amazônia está a caminho de bater um novo recorde de desmatamento, contribuindo para o isolamento econômico e diplomático do Brasil, enquanto outros países dedicam cada vez mais protagonismo às discussões ambientais. Ele denunciou o governo Bolsonaro por estrangular o INPE.

“Vivemos um desmonte institucional pleno”, adverte. “Considerando a correção monetária, o orçamentário do Inpe, em 2010, era de R$ 487,6 milhões. Hoje, é de R$ 75,8 milhões”. ele denuncia que o teto de gastos aplicado pelo governo Temer  reduziu o orçamento de R$ 187 milhões em 2019 para menos da metade. “Trata-se de uma crise financeira sem precedentes”, alerta. “Perdemos o programa de cooperação espacial com a China, a continuidade dos estudos do satélite Amazônia 1 foi suspenso. Daqui a pouco não haverá dinheiro para pagar a energia e manutenção do supercomputador Tupã, que faz previsão de estiagem e clima”.