Alerta: perigo golpista no Peru
Passadas três semanas das eleições gerais no Peru, que apontam a vitória da disputa presidencial pelo dirigente sindical Pedro Castillo, o povo segue aterrorizado por inseguranças e incertezas. A candidata derrotada, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, segue a cartilha trumpista e levanta, também sem apresentar provas, a acusação de que houve fraudes nas urnas.
As acusações de Keiko foram negadas pelo Júri Nacional de Eleições do Peru, que apresentou um relatório da missão de observadores da União Interamericana de Órgãos Eleitorais. O estudo conclui que o pleito ocorreu de modo regular e foi exitoso, numa eleição disputada, apertada, mas limpa. A missão de observação da OEA, composta por 40 membros, também reafirmou o êxito das eleições peruanas e não repetiu a vergonhosa atitude golpista que promoveu nas eleições bolivianas.
Mas o Peru segue assombrado pelo golpismo. Por seguir avaliando pedidos de anulação de atas eleitorais, feitos pelos advogados de Fujimori, a Justiça Eleitoral ainda não declarou o vencedor oficial. Uma série de protestos se desencadeou em Lima, com simpatizantes dos dois candidatos ocupando as ruas da capital peruana. Além disso, militares da reserva, apoiadores da ditadura Fujimori, soltaram uma carta convocando as Forças Armadas a tomar o poder e evitar uma suposta “ameaça comunista”.
A reação do atual chefe de estado foi imediata. Francisco Sagasti declarou que o papel das Forças Armadas é velar pela Constituição. “Não deixarei nenhuma mentira nem tergiversação das minhas palavras e ações pelos inimigos da democracia. Seguirei no esforço de buscar o melhor para o nosso país até o último minuto da minha gestão”, disse o mandatário.
Pressionada por um pedido da Lava Jato peruana, que solicitou a revogação de uma medida que lhe concedeu liberdade provisória, Fujimori declarou que vai aceitar os resultados que o Júri Nacional de Eleições decidir. Entretanto, segue insinuando que talvez não esteja sendo feito o suficiente para que se saiba “a verdade”, em uma clara aposta golpista.