À longa lista de 121 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro pela prática de diferentes crimes, deve-se acrescentar mais um: a escandalosa compra superfaturada em 1000% da vacina indiana Covaxin. O episódio mostra um governo carcomido e enrolado em esquemas cabulosos de corrupção, fraudes e apoio criminosos, como o dado a madeireiros contrabandistas de madeira extraída ilegalmente na Amazônia.

O fato demonstra que o governo Bolsonaro transformou a pandemia em um grande balcão de negócios. Além de não comprar vacina no momento certo, quando decidiu foi de forma superfaturada e com intermediação de uma empresa já suspeita de fraudes na área da saúde.

É uma denúncia gravíssima, que ocorre num momento em que mais de meio milhão de pessoas no Brasil morreram por conta da pandemia de Covid-19. Com as digitais de Bolsonaro. Foi ele quem abriu a negociação com a Índia para a compra da Covaxin.

Os outros imunizantes, até onde se sabe, foram negociados diretamente com os fabricantes. A Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, num processo a toque de caixa que durou três meses, enquanto a negociação com a Pfizer durou 11 meses.

E a tornar ainda mais nebulosa a negociação, a empresa intermediária é sócia de outra, a Global, também acusada de fraudes na área da saúde. Como se não bastasse, a pedido da Precisa o governo previa pagar 45 milhões de dólares antecipadamente a uma terceira empresa, a Madison Biotech, com sede num paraíso fiscal.

Sim, estamos diante de um CovaxinGate. Por que o presidente sabia. Ele foi alertado para a negociata em curso, em março, pelo deputado bolsonarista Luís Miranda (DEM-DF), mas preferiu a inação. Na época, não acionou a Polícia Federal para investigar a denúncia, mas, agora, quer se abra procedimento contra o denunciante. Trata a PF como gendarme de seu mandato.

Este é um governo que manipula redes sociais para mentir sobre combate à corrupção, enquanto fecha contrato de R$ 1,6 bilhão com empresa suspeita de fraude que não resiste a uma pesquisa na internet para comprovar sua desonestidade. Mas a negociata monumental terá seus meandros esmiuçados pelo Ministério Público Federal e pela CPI da Covid no Senado.

Detalhe. A Covaxin foi negociada sem ter apoio nem o aval da Anvisa. A vacina da Oxford está em torno de R$ 19, enquanto a vacina superfaturada está em torno de R$ 80. Os números não mentem: há algo de podre no ar.

Até quando, a Presidência da Câmara se omitirá? O Brasil tem pressa: impeachment já!