A suspeita de corrupção envolvendo diretamente o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, levou o Palácio do Planalto a expeli-lo do governo no dia em que as suspeitas de prevaricação engolfaram o próprio presidente Jair Bolsonaro. Salles pediu para sair, sem resistir às investigações que o alcançaram em inquéritos por venda ilegal de madeira para os Estados Unidos.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, determinou que Salles entregue o passaporte à Polícia Federal. Ele deixou o governo na quinta, 24, sob suspeitas de envolvimento em crimes de obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa.

Salles é alvo de dois inquéritos no STF, sendo que com a perda de seu foro por prerrogativa de função, as investigações devem ser enviadas à primeira instância. O caso está sob relatoria de Cármen Lúcia é derivado da notícia-crime em que o delegado Alexandre Saraiva – que caiu após os atritos com Salles – imputou ao ex-ministro o suposto patrocínio de ‘interesses privados’ de investigados em apreensão de madeira ilegal na Amazônia.

Já o segundo inquérito contra Salles está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e investiga um ‘grave esquema de facilitação ao contrabando’ de madeira. As apurações culminaram na abertura, em maio, de uma fase ostensiva batizada de Operação Akuanduba, ocasião na qual a PF fez buscas no gabinete e na casa de Salles.