A SEMANA NA HISTÓRIA – 18 a 24 de junho

21 de junho de 1970

DITADURA CAPITALIZA O TRICAMPEONATO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

A Seleção Brasileira conquista o tricampeonato mundial de futebol no México, com um time que ainda hoje é considerado o melhor de todas as Copas – Pelé, Rivelino, Tostão, Gerson e Jairzinho. O governo Médici aproveita o clima de euforia para massificar campanhas publicitárias ufanistas, utilizando músicas, artistas, slogans, anúncios e filmes. Muitas emissoras somam-se à estratégia. A mensagem central era a da união nacional em torno do governo, sem divergências ou contestações. A ótima marchinha de Miguel Gustavo converteu-se no hino semioficial da Seleção: “Noventa milhões em ação / Pra frente, Brasil, do meu coração (…) De repente é aquela corrente pra frente / Parece que todo o Brasil deu a mão (…) Todos juntos, vamos, pra frente,  Brasil”.

 

21 de junho de 1996

GREVE GERAL ESVAZIA GRANDES CIDADES

Em ação conjunta, as três centrais sindicais mais importantes do país lideram uma greve geral em protesto contra a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. O movimento reivindica medidas contra o desemprego, pelo reajuste de salários e a retomada do crescimento econômico. No dia da greve, as maiores cidades do país amanheceram vazias. Segundo os organizadores, 12 milhões de trabalhadores pararam em todo o Brasil, representando 19% da população economicamente ativa.

 

21 de junho de 2004

LEONEL BRIZOLA MORRE NO RIO AOS 82

Morre no Rio de Janeiro, aos 82 anos, vítima de insuficiência pulmonar seguida de infarto no miocárdio, Leonel de Moura Brizola, fundador do PDT, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Ele protagonizou memoráveis embates contra forças conservadoras da política nacional. Como governador do Rio Grande do Sul, foi o principal líder da Campanha da Legalidade, resistência civil que impediu o golpe após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e assegurou a posse do vice-presidente João Goulart. No Golpe Militar de 1964, já como deputado federal pela Guanabara, tentou organizar a resistência armada. Temendo uma guerra civil no país, Jango decidiu se refugiar no Uruguai, e o plano de Brizola não prosperou. Com seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1, Brizola se exilou no Uruguai e só retornou ao Brasil em 1979, com a anistia. Em 1982, foi eleito governador do Rio. Em 1989, ficou em terceiro lugar na disputa pela Presidência,  obtendo 15,45% dos votos, atrás de Lula. Em 1990, foi novamente eleito governador do Rio. Disputou a Presidência em 1994 e, em 1998, a Vice, na chapa com Lula.

 

23 de junho de 1996

MISTÉRIO CERCA A MORTE DE PC FARIAS

O empresário Paulo César Farias, o PC Farias, personagem central do escândalo que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor em 1992, é encontrado morto ao lado da namorada, Suzana Marcolino, em sua casa de praia próxima a Maceió, em Alagoas. Ambos morreram com tiros no peito. O legista da Unicamp Fortunato Badan Palhares, chamado a colaborar com as investigações, atestou que Suzana Marcolino matou PC Farias e suicidou-se em seguida, qualificando o crime como passional. Entretanto, o legista alagoano George Sanguinetti e o perito criminal Ricardo Molina afirmaram que ambos foram assassinados e sugeriram a hipótese de queima de arquivo. PC fora condenado a 4 anos de prisão por sonegação fiscal e a 7 por falsidade ideológica em decorrência do esquema de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.

 

24 de junho de 1960

AÇÃO DOS SEM-TERRA FAZ NASCER O MASTER

Nasce o Movimento dos Agricultores sem Terra (Master), resultado da luta de 300 famílias de camponeses que vêm resistindo à reintegração de posse de 1.800 hectares na localidade de Faxinal, município de Encruzilhada do Sul (RS). Nos dois anos seguintes, com o apoio do governador Leonel Brizola e do PTB – e do PCB –, o Master organizaria associações rurais nos municípios gaúchos. O Master sobreviveria até 1964, chegando a se articular com Brizola e entidades estudantis e sindicais para resistir ao golpe militar.

 

24 de junho de 1966

MARINHEIROS VÃO PARA BANCO DOS RÉUS

No maior julgamento realizado no país até então, 283 marinheiros e fuzileiros navais acusados de rebelião em março de 1964 são condenados a penas que somam mais de 1.280 anos de prisão. A Revolta dos Marinheiros, que exigiam liberdade de organização e dignidade no serviço, havia sido o estopim da crise militar que levou ao golpe. A anistia concedida aos rebeldes pelo governo Jango fora considerada uma afronta à hierarquia militar. No julgamento de 1966, a pena maior, de 10 anos e 8 meses, coube a um dos líderes da revolta, José Anselmo dos Santos. O Cabo Anselmo, como ficaria conhecido, alguns anos mais tarde se revelaria um agente da repressão infiltrado na organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Ele coletava e fornecia aos militares informações que lhes permitiram capturarem militantes e opositores da esquerda, incluindo sua própria noiva, Soledad Barrett Viedma, que, mesmo grávida, foi brutalmente torturada e morreria em uma prisão militar. Ele a entregou ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, que já havia se notabilizado pelo assassinato de Carlos Marighela. Soledad não resistiu às torturas e morreu.

 

24 de junho se 1985

‘ROQUE SANTEIRO’ EMPOLGA O BRASIL

Dez anos depois de ter sido proibida pela censura do regime militar, a novela “Roque Santeiro” estreia em horário nobre na Rede Globo de Televisão. O texto da produção, que contou com uma das maiores audiências da TV brasileira, foi escrito pelos novelistas Dias Gomes e Aguinaldo Silva, com colaboração de Marcílio Morais e Joaquim Assis. Os autores se basearam nos personagens da peça “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, que também fora proibida pela ditadura militar.

 

Esta publicação é fruto da parceria entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda, da FPA, e o Memorial da Democracia. Os textos remetem a um calendário de eventos e personalidades da esquerda que é colaborativo e está em constante atualização. Envie suas sugestões por e-mail para [email protected]

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