100 mil na Avenida Paulista
Na Avenida Paulista, sempre um dos principais focos de atenção em dias de mobilizações de rua, os manifestantes do ato nacional Fora Bolsonaro espalhavam-se pelas duas pistas desde a Pamplona até a Augusta. Oito quarteirões repletos de gente reivindicando a saída do presidente da República, vacina, emprego, defesa das estatais estratégicas contra as privatizações, defesa do ensino e da ciência, fim das discriminações de todo o tipo. A luta contra o que Bolsonaro representa. E a defesa da vida, da esperança de dias melhores, com justiça social e desenvolvimento econômico.
Sobre o caminhão de som, diante do MASP, revezaram-se líderes políticos, sindicais e de movimentos sociais de diferentes matizes. Haddad foi direto, ao lembrar de uma frase que cunhou no início da pandemia. “Eu fiz uma mensagem que dizia que o mais difícil era enfrentar o vírus e o verme simultaneamente”, disse no palanque. “Estava na cara que esse sujeito não ia dar a menor bola para o sofrimento da população. Que não ia seguir nenhuma recomendação da ciência. E o resultado está aí: 500 mil mortos. Um genocida no poder, com o apoio dessa burguesia que não tem coragem de pautar o impeachment”, disse Haddad.
“Nós não estamos aqui para brincar de motocicleta”, prosseguiu Haddad, fazendo referência a mobilização pró-Bolsonaro da semana anterior. “Nós estamos aqui para alertar o país que daqui pra frente haverá mais 200 mil mortos além dos 500 mil que já temos. Por isso, é impeachment, já”.
Ex-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) destacou que Bolsonaro tem desfiado várias provocações ao longo dos meses. Mais recentemente, a realização da Copa América no Brasil, a aprovação da venda da Eletrobrás e a ameaça de convulsão social caso as urnas eletrônicas não lhe derem uma próxima vitória. “Eu quero dizer pra ele que o povo já está na rua, e é contra o seu governo. Aqui tem gente de verdade, não somos fakes como 7 mil motos”.
Embora líderes tenham feito referência às eleições de 2022 como frente de luta, caso o impeachment não aconteça, o afastamento ainda este ano de Bolsonaro foi a tônica. Coordenador nacional da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim foi direto: “O Lira (Arthur Lira, presidente da Câmara) disse que não pode encaminhar o impeachment sozinho, que precisa ter pressão. Então vamos lá: quem aqui quer autorizar o Lira a abrir o impeachment?”. Diante de milhares de mãos erguidas e gritos de “fora Bolsonaro”, Bonfim concluiu: “Lira, então você está autorizado”.
Ao longo da avenida, além dos dois caminhões de som próximos ao MASP, diferentes palcos, organizados por movimentos sociais, também encaminhavam discursos ao som de batuques e palavras de ordem. A diversidade do público era evidente. Um grupo de homens e mulheres de cabelos brancos ostentavam camisetas onde se lia “Geração 68, sempre na luta”. Integrantes de coletivos antifascistas de torcidas de futebol também se espalhavam, com bandeiras de partidos diversos por toda a parte.