Spyware usado para perseguir ativistas e jornalistas no mundo
As compras tecnológicas do pregão do Ministério da Justiça levaram especialistas a apontar que o uso genérico na descrição do que sejam mídias sociais, deep e dark web permitiria a aquisição de ferramentas como o spyware Pegasus, da empresa israelense NSO, apontada pelo UOL como objeto de desejo de Carlos Bolsonaro.
A NSO é uma empresa que tem sido denunciada há anos pelo software capaz de enganar sistemas operacionais de telefones celulares como o Android ou o iOS e instalar um spyware para capturar informações e transformar o próprio telefone num espião, gravando e monitorando o dono do aparelho, até mesmo quando está desligado.
A NSO Group tem como fundadores Shalev Hulio e Omri Lavie, originários da Unidade 8200, responsável pela interceptação de comunicações para o Exército israelense, e parceira estratégica da NSA, para além de ser considerada uma escola de empreendedorismo tecnológico. No ano passado, o WhatsApp processou a empresa israelense por estar “profundamente envolvida” na execução de hacks de telefones celulares de 1.400 usuários, incluindo altos funcionários do governo, jornalistas e ativistas de direitos humanos.
O jornal inglês The Guardian publicou em abril do ano passado novas denúncias sobre a NSO alegando que a empresa israelense é responsável por graves violações dos direitos humanos, incluindo o hacking de mais de uma dúzia de jornalistas indianos e dissidentes ruandeses.
Durante anos, o NSO disse que seu spyware é comprado por clientes do governo com o objetivo de rastrear terroristas e outros criminosos e que não tinha conhecimento independente de como esses clientes – que no passado teriam incluído a Arábia Saudita e o México – usam seu software. O processo movido pelo WhatsApp mostra que os servidores da NSO são parte de como os hacks foram executados, contrariando a empresa.