A cantora e sambista diz que está enojada do governo que luta todos os dias para manter a sanidade, mas é na música que deságua seus sentimentos. “Quero mostrar um Brasil que não morre. Acho que a cultura, a música e a poesia brasileira resistem. Resistem muito”, diz Tereza Cristina. “Vamos para meio milhão de mortos. E desse meio milhão de mortos, pessoas importantes, catalisadoras. Toda vida é importante”

 

 

A cantora e sambista Teresa Cristina é um dos grandes nomes da música brasileira e durante a pandemia, esse período tenebroso que o Brasil vive, encontrou nas lives do Instagram uma forma de superar a triste realidade imposta pela crise sanitária e pela presença de uma figura como Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Nos programas que já foram diários, ela recebe artistas da música e do teatro, conversa, canta, chora, ri e acolhe novos artistas, além de descobrir e redescobrir músicas de artistas do panteão da Música Popular Brasileira. O que Teresa Cristina faz é um ato de resistência através da valorização da cultura brasileira.

A programação de lives já foi batizada como “Noites de Teresa” e ela afirma que pretende seguir fazendo mesmo após a pandemia porque é algo que deve ser preservado. “Acho que o que conquistei sozinha eu tenho que preservar. É um lugar meu. Não tem interferência de ninguém. É a minha live, as minhas regras. Tudo que eu quero fazer ali, eu faço”, explica.

Teresa faz questão também de falar sobre política. A cantora critica abertamente o presidente Jair Bolsonaro, seu governo e seus apoiadores e não se exime sobre as próximas eleições. Para ela, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o nome para tirar Bolsonaro do poder.

“Não tem terceira via. É Bolsonaro de novo ou é Lula. Eu só falo em terceira via se for o terceiro mandato do Lula, aí tudo bem”, comenta. Mas o ex-presidente não é a única coisa necessária para o Brasil, na sua opinião. “Eu desejo que o brasileiro pare de pensar em atalhos. O brasileiro tem uma mania de achar que para tudo tem um caminho mais fácil e não existe caminho mais fácil na vida, nada é fácil na vida”, resume a sambista.

Na entrevista concedida à Focus Brasil, Teresa Cristina ainda relembra momentos de lives marcantes, falou sobre como está enfrentando a pandemia, cantou e se emocionou em uma conversa descontraída que pode ser lida a seguir:

 

Focus Brasil – Tudo bem com você?

Teresa Cristina – Eu nem sei mais como responder essa pergunta [rindo]. Eu não sei. Tem dia que estou bem, tem dia que não estou bem. [Tem dia que] Não consigo dormir.  Tenho sono às vezes em horário que não é pra ter sono. Meio-dia estou como sono, às vezes 4h da manhã não estou com sono. Eu passo raiva lendo notícia… Eu não sei. Todos os dias eu procuro um motivo para estar bem, para ficar bem. E aí eu faço “live” ou faço pesquisa, ou estou compondo.

 

Focus Brasil – É um pouco resultado da própria pandemia.

Teresa Cristina – Eu fico tentando fugir de vários assuntos, mas fugir estando presa dentro de casa também é complicado. Na verdade, eu fico tentando manter a minha sanidade mental. Então, eu acho que bem, bem, bem eu nunca estive durante a pandemia. Mas eu sempre procuro… [pausa] não pensar. Não pensar. Não pensar no Bolsonaro, não pensar nessa palhaçada que é essa CPI da Covid que não adianta para porcaria nenhuma. Não pensar que a gente poderia estar vacinado já e a gente não está.

Vamos para meio milhão de mortos. E desse meio milhão de mortos, pessoas importantes, catalisadoras. Toda vida é importante, vou deixar bem claro. E me dói muito ver pessoas que poderiam estar vacinadas e não estão, sabe? A gente está com cepas novas. O vírus aqui no Brasil está igual ao bolsonarismo, fazendo o que quer. Não está encontrando nenhum tipo de resistência.

 

Focus Brasil – Falta consciência e campanhas de esclarecimento.

Teresa Cristina – Algumas pessoas nas ruas estão vivendo como se não tivesse pandemia. Onde eu moro, tem um campo de futebol e todo dia tem futebol, todo dia tem churrasco. Todo dia tem aquela porrada de homem, macho, ali sem camisa, sem máscara, levando Covid pra dentro de casa, sabe? Dependendo do ângulo é assustador. [pausa][sorrindo] Eu acho que você nem merecia ouvir tudo isso. Você só me perguntou se eu estava bem.

 

Focus Brasil – Mas no meio disso tudo, temos as suas lives. Elas são um acalento?

Teresa Cristina – Olha, não tenho feito todos os dias. Mas eu faço toda semana. Essa semana eu fiz segunda, fiz na terça porque era uma live sobre Nelson Cavaquinho e não deu para fazer em um dia só. Hoje [quarta-feira] estou fazendo outra que é “Tema de novela”, amanhã, faço com a Mônica Salmaso a Batalha [musical].

Ultimamente, tem sido muito importante pra mim, porque eu preciso ocupar o meu tempo com alguma coisa que realmente me distraia. As notícias estão muito cruéis. A realidade está muito cruel no Brasil. Eu nunca senti isso. Eu nunca tive vontade de não ser brasileira. Nunca. Nunca quis sair da minha cidade, carioca. E aí ver o governador do Rio de Janeiro abraçar esse monstro naquela obscenidade que foi aquele passeio de moto à la Mussolini, sabe? Muito triste.

 

Focus Brasil – Música é arte…

Teresa Cristina – E poder passar uma tarde inteira pesquisando a obra do Nelson Cavaquinho, eu cataloguei 116 músicas, fiz uma live em que se deve ter cantado 30. Tem uma porrada de músicas do Nelson Cavaquinho que eu preciso aprender a cantar. Isso sim me dá esperança, sabe? Fiz uma live sobre Roberto Ribeiro semana passada, sobre Wilson Moreira. Brasileiros que me deem orgulho. Brasileiros que eu olhe e fale “nossa, é brasileiro”. Alguns eu falo: “Eu conheci, estive perto”. Wilson Moreira uma pessoa importantíssima para minha carreira. Então, isso para mim vem sendo importante.

Todas as lágrimas que derramo nas lives, considero que são lágrimas de emoção. Então, eu estou trocando. Já que é para chorar, ao invés de chorar de tristeza vendo o noticiário, eu prefiro chorar de emoção com uma canção bonita, com uma letra bonita, lembrar de um artista que a gente gosta, que deixou uma obra bonita. Isso é o que tem me segurado.

 

Focus Brasil – O ex-presidente Lula participou de uma live sua. Como você disse, sempre é muito intenso, mas você poderia contar de alguns dos momentos que surpreenderam você?

Teresa Cristina – Ah, tem muita coisa. Tem o dia que o Lula entrou, o dia que entrou o [Fernando] Haddad. A live do aniversário de 81 anos do Antônio Pitanga em que eu convidei o Chico [Buarque], Paulinho [da Viola], Caetano [Veloso], o [Gilberto] Gil. Foi lindo. A live com o João Bosco, ele contando como entrou o Aldir, foi lindo. A live do [José Carlos] Capinam. A primeira vez que a Simone entrou na live eu fiquei muito emocionada porque eu ouço a Simone desde criança. Ter me tornado amiga da Joanna. A live do aniversário da Marisa, eu amei. A live do Realce que o [Gilberto] Gil entrou no final, foi a primeira vez que o Caetano entrou na live. A do Roberto Ribeiro foi muito bonita, emocionante. A live do Wilson Moreira…

Fiz uma live logo depois que o Paulo Gustavo faleceu. Eu nunca tive muita proximidade com o Paulo, mas a gente se conhecia e durante a pandemia ele falou de mim no programa. Ele mandou um áudio lindo para mim que eu vou guardar como um tesouro. E eu percebi que os meus amigos que eram próximos dele estavam muito abalados. Uma tristeza sem fim. E eu resolvi fazer uma live para o [Luís] Lobianco. Ele começou com o Paulo Gustavo lá atrás, fizeram teatro juntos. E eu fiz essa live para agradar o Lobianco. Um amigo, uma pessoa que eu admiro muito, que eu amo. E ele começou chorando e no final da live todo mundo tirou a roupa – claro, ombros nus – bebendo e falando bobagem…

A live que eu fiz sobre a cena pop afro da Bahia com a Margareth Menezes. A Daniela Mercury já entrou várias vezes na live, entrou em “Tema de Novelas”. A live do Djavan durou cinco horas. Depois fiz outra live dele e ofereci para o Silvio Almeida que estava fazendo aniversário e o Djavan entrou e conversou comigo. A live que eu fiz com o Zeca [Pagodinho]. Foi sensacional. Se eu for elencar, vou estar sendo injusta, inclusive, com lives em que não entraram artistas, mas foram incríveis. As autorais que eu faço e conheço os compositores novos. São muitos momentos incríveis.

 

Focus Brasil – O Instagram armazena tudo isso, mas é algo histórico. No momento em que vivemos aparecer essa valorização da cultura brasileira é importante. Você já pensou sobre o que vai fazer com todo esse material no futuro?

Teresa Cristina – Eu quero publicar isso. Já estou vendo como fazer, inclusive. Além de fazer parte da minha história, acho que é um belo retrato do que foi 2020, do que está sendo 2021. Mostrar um Brasil que não morre. Acho que a cultura brasileira, a música brasileira, a poesia elas resistem. Resistem muito. Ou através da obra que ficou, ou através dos nossos intérpretes, ou da força de um compositor. Tem artistas que não morrem. Um Belchior não morre, um Gonzaguinha não morre, um Aldir Blanc não morre. E como um artista desse não morre, quando ele é lembrado, quando a obra dele é passada adiante para alguém que nunca ouviu falar daquela pessoa. Eu fico muito feliz quando eu encontro um jovem que fala: “Ah, quem foi Elis Regina?”, [rindo] Dá vontade de agredir? Pode até dar, mas você fala:“Você não sabe quem é Elis Regina, então ouve isso aqui”. É legal.

Eu fiz a live do Roberto Ribeiro, algumas pessoas entraram e falaram que nunca tinham ouvido. Foi bom saber que estou sendo a primeira pessoa a apresentar o Roberto Ribeiro para alguém. Isso também tem uma graça, uma magia, apresentar um artista para alguém. Roberto Ribeiro é um artista muito importante para o samba. Uma pessoa muito dedicada. Ele gravou tudo, samba, bossa nova, MPB, ritmos brasileiros folclóricos e uma voz que depois que você ouve, nunca esquece.

 

Focus Brasil Você poderia escolher uma música que possa representar um pouco tudo isso que o Brasil está vivendo?

Teresa Cristina – Algumas, né. Acho que “De volta ao começo”, do Gonzaguinha, talvez seja uma das que eu mais cantei durante as lives. Toda hora eu dou um jeito de colocar essa música. Acho que tem a ver por causa dessa volta do Lula na política, esses valores tão caros que a gente tem e que estão sendo achincalhados por essa horda de gente feia, ignorante, cafona, malvada, corrupta. São monstros, né? Eu considero monstros.

Hoje, eu acordei e a primeira notícia que eu tive o desprazer de ver foi de um deputado, eleito aqui pela minha cidade, que criou um projeto pela extinção da UERJ… Extinção da UERJ [estarrecida]. A UERJ foi a universidade em que eu estudei, foi a primeira universidade a implementar o sistema de cotas, ela tem um nível acadêmico altíssimo. É uma universidade que está o tempo todo sendo massacrada. Como a pessoa tem a pachorra de fazer um negócio desse?

A gente está no meio de uma pandemia com quase meio milhão de pessoas mortas e vem um espírito sem luz desse e coloca um negócio assim… Claro que isso não vai passar, mas só o fato de ser notícia como se isso fosse possível. É um lamaçal. A gente vai ter que tirar essas pessoas na vassourada. Sei lá o que a gente tem que fazer pra varrer esse povo ignorante, burro, mal intencionado, corrupto. São muitas péssimas qualidades atribuídas a um grupo de pessoas que sempre estiveram à margem da sociedade, à margem da cultura, à margem de tudo o que prestasse. É aquele tipo de pessoa que a gente não dava voz porque era ignorante. O Bolsonaro nunca teve voz porque ele nunca foi nada, ele sempre foi um merda. Ele sempre foi um zero à esquerda para o Exército, para qualquer lugar. Ele nunca fez nada. A família dele é toda suja. É todo mundo envolvido em algum tipo de falcatrua, os filhos bandidos, não pára. É um caracol de merda. A gente perde até o prumo. Não sei mais o que você me perguntou.

 

Focus Brasil Pedi que você indicasse algumas músicas que pudessem significar esse momento. Você indicou a “De volta ao começo”, do Gonzaguinha.

Teresa Cristina – Então, “O primeiro jornal” que também foi uma das músicas que eu mais cantei nas lives, que é da Sueli Costa com o Abel Silva. A música fala de uma mulher tentando agradar o homem que ela ama antes que ele leia a primeira notícia do jornal. É uma graça, uma música linda. Foi gravada pela Elis. Uma outra música, “Aos nossos filhos” também gravada pela Elis, do Ivan Lins e do Vitor Martins. Tem uma música que foi gravada pelo Chico com o MPB 4 chamada “Cara a cara”. [canta] “Tenho um peito de lata/ E um nó de gravata/ No coração/ Tenho uma vida sensata/ Sem emoção/ Tenho uma pressa danada/ Não paro pra nada/ Não presto atenção/ Nos versos desta canção Inútil/ Tira a pedra do caminho/ Serve mais um vinho/ Bota vento no moinho/ Bota pra correr/ Bota força nessa coisa/ Que se a coisa para/ A gente fica cara a cara/ Cara a cara cara a cara/ Com o que não quer ver”. É isso.

 

Focus Brasil – Imaginando que a pandemia vá chegar ao fim, o que você deseja para o futuro próximo, para 2022?

Teresa Cristina – Eu desejo que o brasileiro pare de pensar em atalhos. O brasileiro tem uma mania de achar que para tudo tem um caminho mais fácil e não existe caminho mais fácil na vida, nada é fácil na vida. O brasileiro acredita na fake news porque ele quer acreditar naquilo. E a gente tem uma coisa de ficar sempre esperando o próximo herói. Com esse pensamento se elegeu o Collor que fodeu com a classe média, na verdade. Com essa coisa de confiscar a poupança, ele mexeu com a classe média e rapidinho foi deposto.

Só que o Bolsonaro não está fodendo com a classe média. Muita gente está ganhando dinheiro com o governo dele. O Bolsonaro está matando pobre, preto, bicha, veado, sapatão, mulher, criança preta favelada. É esse nicho que ele está matando. Essas pessoas não têm tanto poder na mídia. Toda vez que eu ouço alguém dizer assim, “mas pra quê ficar gritando fora Bolsonaro, ano que vem ele sai, vamos esperar”. A pessoa que fala isso, está com uma quantidade de camadas de privilégios que não tem ideia do que está falando, ela não tem a noção do quanto está sendo caro manter esse cara no poder.

Só que ele foi eleito, ele teve gente que o elegeu. E as pessoas continuam cegas achando que ele é um herói. De herói ele não tem nada. Ele é um covarde, um belo de um covarde. Assim como aquele outra que foi lá dar depoimento e se “cagou nas calças”. O cara é uma alta patente do Exército e está indo trabalhar de “calça marrom”, sabe? Eu acho que a gente tem que pensar mais em política, parar com essa palhaçada de que não se discute futebol, política e religião. A gente está nessa merda por causa disso. Ninguém deixou de discutir futebol. O Brasil está entregue à Igreja Universal do Bispo Macedo porque a gente não discute religião. “Ah, não vamos discutir política”, aí elege um Bolsonaro, os filhos dele, um cara que quebrou a placa da Marielle, um cara que quer acabar com a UERJ, literalmente. A gente tem que parar com essa falsa discussão de que isso não se discute. Discute, sim. A problematização existe para a gente viver melhor, para um futuro melhor. Não adianta também o Bolsonaro ir embora e a gente ficar achando que vai vir mais um grande herói que vai acabar com alguma coisa. Não existe isso.

Você quer um herói real, olha aí o Lula. Esse cara foi demonizado desde antes de ele assumir Presidência pela primeira vez. Ele já foi preso antes de ser presidente. Ele foi eleito e nunca teve a mídia a favor dele. Mesmo depois de demonizado por anos, é um cara que pode ganhar do Bolsonaro no primeiro turno. Que pessoa é essa, que político é esse, o que esse cara tem que ainda está vivo? Ainda está falando em Brasil, preocupado com o Brasil. Pessoas sérias lá de fora quando querem falar de Brasil usam o nome dele, o governo dele. Então, para que esse olhar tão lunático procurando um herói?

Uma coisa que me irrita muito, “ah, não, vamos pensar em uma terceira via”. Não tem terceira via. É Bolsonaro de novo ou é Lula. Eu só falo em terceira via se for o terceiro mandato do Lula, aí tudo bem. Mas se não for não me venha com esse papinho de terceira via, com esse papinho de Ciro Gomes 1%. Não quero. Não quero. Não acho que a gente possa brincar nesse momento. E esse “cara” [Bolsonaro] também não está morto, porque quem tem dinheiro não está morto. Ele não tem limite, não tem moral.

 

Focus Brasil – Do que você mais está com saudade?

Teresa Cristina – [Longa pausa, pensando] Estou com saudade de gente, mas não é essa gente do Leblon, essa gente que está indo para festa durante a pandemia, não. Estou com saudade de gente, da minha gente. Estou com saudade de uma roda de samba. Da segunda-feira no Renascença. Toda segunda-feira eu me lembro [emocionada]. Dá uma dorzinha. Eu até evito de ficar falando isso com o Moacyr [Luz]. Ninguém merece. Se eu estou assim, imagina ele. Então, eu não falo, mas dói.

 

Focus Brasil – Quando a pandemia acabar, vamos continuar tendo “Noites de Teresa” ou vai mudar?

Teresa Cristina – Não. Eu acho que foi uma conquista minha. E acho que o que conquistei sozinha eu tenho que preservar. É um lugar meu. Não tem interferência de ninguém. É a minha live, as minhas regras. Tudo que eu quero ali, eu faço. Então, acho muito interessante ficar pesquisando e falando de artistas. Por exemplo, quando fiz a live sobre o Roberto Ribeiro, eu descobri que a mãe do filho dele, também era compositora, fez vários sucessos dele. Então, agora estou à caça das músicas dela. Isso é uma coisa que eu não quero parar. É muito gostoso encontrar as pessoas, conhecer gente nova, um artista novo. É muito legal poder falar com gente que eu admiro, poder falar com Fausto Nilo, nunca tinha falado com ele na minha vida. Reencontrei também um compositor do Maranhão chamado Josias Sobrinho, que fez uma música que eu ouvia na minha infância, “Engenho de flores”, e o cara está lá no Maranhão e eu conseguir falar com ele. Isso é muito bom. Eu também sou tiete, né? Eu sou artista, mas  gosto de encontrar as pessoas que admiro, de saber como a pessoa é. E, também gosto de trazer gente, de descobrir pessoas. As vezes aquela pessoa é tão talentosa e ela só está esperando uma oportunidade para alguém conhecer, ouvir o que ela está fazendo. É tão ruim fazer uma canção e ninguém ouvir, ou trabalhar, trabalhar e só ouvir não. Às vezes conheço compositores novos, e você vê na live a beleza da pessoa aparecendo, o olho brilhando. É uma sensação muito boa que eu estou usando no lugar da minha libido. Pandemia, libido zero, então, isso é o que me dá tesão ultimamente. É ver gente feliz, tirar felicidade das pessoas. É uma coisa que me deixa acesa.