Morte, sangue e exploração
O genocídio dos povos indígenas como política de Estado. No projeto de poder autoritário de Bolsonaro, a proposta de lei que pretende permitir a mineração em terras é a ponta de lança de um pseudodesenvolvimento econômico a qualquer custo
A postura hostil de Jair Bolsonaro contra os povos indígenas não é novidade a nenhum observador atento da conjuntura brasileira. Desde a campanha de 2018, quando Jair ainda era deputado federal, o então candidato sempre atacava os povos indígenas e comunidades tradicionais, prometendo se eleito não demarcar um centímetro de terras conforme políticas dos governos anteriores que, em maior ou menor grau, vinham avançando.
Uma vez eleito, honrando a tradição dos genocidas totalitários a quem tanto exaltou, Bolsonaro deu vazão a uma política de desenvolvimento ultrapassada e enterrada, que remonta ao período do “bandeirantismo”, quando os povos originários eram tratados como entrave ao desenvolvimento predatório e, portanto, deveriam ser eliminados.
Nesse projeto de poder autoritário, o projeto que pretende permitir a mineração em terras indígenas é a ponta de lança de um pseudodesenvolvimento econômico a qualquer custo. O que vem acontecendo nas terras da etnia Yanomami em Roraima é um roteiro conhecido. Garimpeiros agem de forma clandestina e criminosa dentro da reserva Yanomami e tentam encurralar os indígenas com ataques armados, intimidações e agressões.
Há um cenário iminente de massacre dos yanomami, seja por ataques armados, ou pela disseminação de doenças trazidas pelos garimpeiros, como Covid-19 e malária. A destruição ambiental provocada pela atividade garimpeira criminosa, com utilização em grande escala de mercúrio, tem poluído os rios, contaminando a cadeia alimentar, deixando os indígenas doentes e sem acesso à água potável e à pesca.
Com o apoio logístico e político do Governo Federal, seja por meio do presidente Bolsonaro ou de seus ministros, inclusive o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, os garimpeiros se sentem à vontade e legitimados para afrontar e atacar até mesmo os policiais federais que foram até a região para proteger os indígenas e foram recebidos a bala. O mesmo cenário está presente em relação aos Munduruku que vivem na região do Tapajós, no Pará.
Estou coordenando um movimento junto à bancada do PT na Câmara dos Deputados para aprovar um requerimento de instalação de uma CPI para apurar a atuação de Bolsonaro no patrocínio político e ideológico de uma política de sangue, morte e exploração dos indígenas como um projeto de Estado e parceria com mineradores, que exploram e contrabandeiam recursos minerais sem pagar impostos, coordenado com o objetivo de eliminar a resistência dos indígenas.
A mobilização social para impedir o avanço da tramitação do projeto que permite a mineração em terras indígenas deve ser uma das nossas prioridades nas próximas semanas. Proteger os povos tradicionais é parte do processo de restaurar nosso Brasil da sanha bolsonarista genocida. Avante nessa luta!