Exilado na Espanha, o ex-deputado federal Jean Wyllys anuncia sua filiação ao PT e diz que vai mergulhar de cabeça na campanha do ex-presidente da República para combater Bolsonaro e tudo que o líder da extrema-direita representa. “A gente vai ter que lidar com esse fascismo eterno, com uma parcela da população que tem esse comportamento odioso, que ameaça a democracia”

 

Por Pedro Camarão

 

Exilado em função das graves ameaças que recebeu, o ex-deputado Jean Wyllys ainda não tem certeza sobre quando poderá voltar ao Brasil, mas garante que vai participar da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, ele afirma que já está na campanha de Lula e anuncia que vai se filiar ao Partido dos Trabalhadores.

Jean Wyllys identifica o ex-presidente como o grande centro da política brasileira, alguém que mesmo preso e após ter sido sistematicamente atacado e difamado pela imprensa e por parte do poder Judiciário, consegue ser o líder das intenções de voto para a eleição presidencial de 2022. Apesar da filiação ao PT, o ex-deputado declara que não pretende se candidatar novamente, mas deixa o futuro em aberto, afinal a política é imprevisível.

Na entrevista para a Focus Brasil, Jean Wyllys disse esperar que as grandes mentiras utilizadas por Jair Bolsonaro como o “kit gay” voltem a ser discutidas para, finalmente, serem esclarecidas. Sobre essa e outras questões, ele diz que espera mais do Partido dos Trabalhadores no futuro. Wyllys identifica um enfraquecimento do Bolsonarismo e apresenta sua análise sobre o que tem provocado o aumento da rejeição e a diminuição do apoio ao atual presidente da República.

Apesar do cenário desfavorável para Bolsonaro, o ex-deputado diz que o Brasil vai precisar aprender a lidar com o fascismo eterno, como já acontece na Europa. Para ele, Jair Bolsonaro é um câncer que criou outras células cancerígenas até que se formasse um tumor maligno que evoluiu para uma metástase em 2018. “O Brasil está passando por uma terapia de choque para tentar recuperar o seu corpo, para ver se ainda resta corpo a essa democracia depois desse ataque”, diz. A seguir, trechos da entrevista:

 

Focus Brasil – A última pesquisa do Instituto Datafolha mostra que Bolsonaro atingiu sua maior taxa de rejeição e, ao mesmo tempo, identifica o apoio da maior parte dos brasileiros ao impeachment. Esse momento pode ser o declínio permanente desse movimento político ou é algo apenas momentâneo?

Jean Wyllys – Há múltiplos fatores que levam à queda de popularidade de Bolsonaro e ao enfraquecimento de sua estratégia de governança, se é que se pode chamar isso de governança. Como todos os governos fascistas, ele [Bolsonaro] opera a partir da fabricação permanente do inimigo e de um estímulo permanente e à subjetivação de seita – que é repetir as verdades do mestre. O primeiro fator [que leva a essa queda] é a Covid-19. A pandemia não estava nos planos da direita e da extrema-direita que se juntaram em 2018 para eleger Bolsonaro. Ele não é fruto só da atuação da extrema-direita e de seus métodos sujos de campanha. É também fruto de uma certa cumplicidade do que podemos chamar dos partidos tradicionais de direita e dos meios de comunicação de massa, que na falta de um candidato o apoiaram.

O que o Jornal Nacional fez foi quase uma cumplicidade em torno do candidato. Eles não esperavam que a Covid estivesse no caminho e [não esperavam] a decisão desse governo de fazer uma gestão da pandemia com base na premissa de que a imunidade de rebanho é que deveria ser buscada. Essa decisão pressupunha deixar pelo meio do caminho aqueles que são considerados estorvos, os que não ajudariam a economia do Brasil: os velhos; os doentes; no raciocínio deles, eivado de darwinismo social, os mais fracos [que morreriam]. Isso aparece nas primeiras declarações do presidente da República e de figuras-chave do bolsonarismo, como Osmar Terra. Na cabeça deles, até um problema previdenciário seria resolvido.

Isso não deu certo primeiro porque a vida não é mais como eles imaginam. A expectativa de vida aumentou, as pessoas velhas e aposentadas são ativas, jovens foram infectados de uma maneira que ninguém esperava, o vírus tem uma atuação no corpo que ainda não foi identificada por completo e o número de mortes foi crescendo. Manaus foi o laboratório dessa experiência macabra. E, além da pandemia, Bolsonaro não fez o que os meios de comunicação esperavam, o que mudou o tom da cobertura da imprensa sobre o governo. A mídia tinha uma atuação quase que esquizofrênica em que atacava Bolsonaro por seus maus modos, por seu comportamento antidemocrático – que já estava claríssimo na campanha –, então era uma maneira de adestrar Bolsonaro. Como se estivessem batendo numa pessoa à mesa que não sabe pegar no garfo e faca, para que ele não gerasse constrangimento. Ao mesmo tempo, elogiava Sergio Moro [então ministro da Justiça] e Paulo Guedes. O que interessava aos partidos de direita, às elites financeiras brasileiras, aos meios de comunicação de massa era o programa econômico neoliberal. A imprensa manteve esse comportamento até o ponto em que a Covid-19 obrigou a mudar isso e virou um ativo para constranger o governo.

“A história não se repete, mas a história rima”, diz Walter Benjamin e é verdade. Em uma rima histórica, Bolsonaro não se comportou como as elites esperavam, como nenhum aspirante a tirano se comporta [como esperam as elites] e saiu do controle. Tudo isso, mais outros fatores que não podem ser menosprezados como o fato de Felipe Neto ter decidido fazer oposição ao governo – isso foi um fato muito decisivo embora muitos analistas políticos desprezem ou não levem em conta esse aspecto porque são pensadores do século 20, ainda não pensam o século 21.

 

Como assim?

Esse foi um fator muito importante porque Felipe Neto sabe trabalhar na economia digital. O fato de ele ter feito um giro até o lugar de opositor desse governo foi muito importante para derrubar essa popularidade que hoje se expressa muito nas mídias sociais. Então, tem esse conjunto de fatores, e ainda tem a devolução dos direitos políticos do Lula. Apesar de a imagem pública dele ter sido sistematicamente atacada ao ponto de ter se transformado em “luladrão” para amplos setores da classe média e mesmo da classe C que ele ajudou a formar, o ex-presidente tem um valor no imaginário popular.

 

O governo Lula ainda está na lembrança das pessoas.

Ele deixou a Presidência com 89% de aprovação. E a recuperação dos seus direitos políticos ocorre num momento em que a Lava Jato, que mobilizou o ataque a Lula foi desmascarada como uma operação política. Soma a tudo isso à experiência dolorosa da morte de entes queridos, o medo de morrer de Covid, as imagens desesperadoras, a experiência concreta foi modificando o comportamento das pessoas. Então, não tem comunicação, mentira, gabinete do ódio e fake news que consiga manter tanta gente enganada por tanto tempo. Então, o bolsonarismo foi se desafazendo por causa desses fatores. Mas ele está no tamanho de um contingente da população com o qual nós vamos precisar lidar sempre. Como nos países da Europa, nós vamos ter que nos dar conta de que temos uma extrema-direita que existe. O Umberto Eco falou isso no ensaio dele “Fascismo Eterno”, a gente vai ter que lidar com esse fascismo eterno, com uma parcela da população que tem esse comportamento odioso, que ameaça a democracia, que quer impor ditadura, religião, que é burra, que é anticiência.

Penso que talvez estejamos chegando nesse ponto. Não podemos dar as favas como contadas porque é óbvio que o crescimento de Lula vai despertar também um comportamento da imprensa como a gente já sabe que a imprensa brasileira se comporta. A imprensa brasileira é historicamente antipetista, notadamente a Rede Globo. Então, podemos esperar que a liderança do Lula vá despertar uma reação por parte dessa imprensa que pode retornar a fazer um jornalismo pouco sério, desonesto intelectualmente contra o Lula.

 

O Datafolha mostra Lula como favorito. Como você enxerga a volta dele ao cenário político?

Eu escrevi no Twitter algo como “o Lula é o centro das questões, ele é o centro das atenções, ele é o centro das soluções que o Brasil precisa”. Lula é centro, ele nunca deixou de ser. Mesmo quando deixou de ser presidente, ele rondou o governo Dilma porque além da misoginia que impera na sociedade brasileira, do machismo que operaram todo o tempo contra a Dilma, ela não tem o carisma político que o presidente Lula tem. São duas formas distintas de atuação pública, ambas respeitáveis, eu adoro os dois do ponto de vista pessoal e como figuras políticas respeito os dois, mas eles são distintos.

Ele sempre rondou o governo Dilma porque os ataques a ela também passavam por ataques a ele, porque Dilma foi escolhida por Lula. Depois, durante a Lava Jato que hoje sabemos que foi uma farsa, um julgamento político disfarçado de combate à corrupção, Lula era o centro daquele ataque porque o interesse era retirar os direitos políticos dele, impedir que o PT e sua coalisão ganhassem mais uma eleição no Brasil. Quando Lula esteve preso, de dentro da prisão ele seguia como um espectro rondando o cenário político e quando o STF reconhece que Sergio Moro era suspeito e incompetente, Lula volta a ser o centro das atenções.

E o emblemático e curioso dessa relação entre a imprensa comercial brasileira e Lula é que [quando Lula retoma seus direitos] aquela jornalista equivocada, a Vera Magalhães, disse que ele não era um “player”. Utilizando essa expressão, inclusive, que soa cafona, esse anglicismo. Mas, logo depois da decisão do STF ele faz um discurso que tem repercussão mundial, então ele é o centro. As pesquisas e as reações internacionais demonstram isso. A maneira como o Lula vem em paralelo, sem qualquer cargo público, atuando para minimizar os danos dessa gestão desastrosa e criminosa do governo Bolsonaro em relação à Covid-19.

 

Lula ainda é a voz brasileira mais ouvida no mundo.

Com toda essa capacidade de negociação, o carisma, Lula é essa força catalisadora. Está agregando diferentes atores políticos, de posições distintas do espectro político para retomar a democracia no Brasil. Além de tudo, ele tem um gesto muito generoso porque depois de tudo o que passou, poderia estar movido pelo rancor, pelo ressentimento, principalmente, dos atores políticos que traíram o PT em 2016 e deram o golpe contra Dilma. Mas agora não se trata de revanche. Como diz o Guilherme Arantes na canção dele – “amanhã, ódios aplacados, temores abrandados”. Agora é hora de aplacar ressentimentos para a gente retomar o espaço democrático de atuação e que a gente possa se definir mais claramente como direita, esquerda e tal porque o que está ameaçado é o próprio campo democrático.

 

chance de que você participe da campanha do ex-presidente?

Eu já estou participando da campanha do Lula. Eu nunca deixei de participar da campanha do Lula. A minha postura em relação a Lula e ao PT sempre foi muito republicana, muito justa e muito democrática. Eu não era petista e eu vou me filiar ao PT, inclusive.

Em 2008, depois de uma audiência pública que eu fiz no Senado sobre a questão da criminalização da homofobia, o Aloizio Mercadante falou “cara, você deveria ser candidato porque a comunidade LGBT carece de uma representação de qualidade e acho que você pode ser essa pessoa”, e foi essa fala dele que me fez pensar nessa possibilidade. Depois, a Heloisa Helena também me fez o convite e eu acabei depois decidindo me filiar no PSOL.

Eu critiquei o partido quando ele tinha que ser criticado. Eu fiz oposição à Dilma quando era necessário fazer oposição a ela. Eu acho que a Dilma e os assessores erraram feio com relação ao “Escola sem Homofobia” o que permitiu, inclusive, a construção da primeira e mais danosa fake news que depois é recuperada em 2018 que foi o “kit gay”. Eu tenho muito respeito pela Dilma, muita admiração, a gente se gosta de verdade, mas foi um equívoco dela e dos seus assessores.

E o PT abriga muita gente que age com uma certa arrogância e se embriaga com a posição de poder de forma a tornar impermeável à crítica. E naquele momento era isso. Eu entendo que Dilma precisava da governabilidade, eu entendo que o governo dela estava sendo atacado pela imprensa, mas também eu entendia que o sacrifício, naquele momento, do elo mais fraco da corrente que era a comunidade LGBT iria desembocar em algo muito ruim para o próprio PT no futuro e desembocou. Eu espero que o partido seja capaz de fazer essa autocrítica e de não repetir os mesmos erros. Por isso mesmo eu estou na campanha pelo Lula desde sempre.

No momento mais impopular de Lula, que a impopularidade dele ocorria em função da Lava Jato, em que até mesmo parlamentares petistas evitavam a defesa pública dele, eu o defendi publicamente e a todo momento. Eu estou na campanha de Lula sempre, porque eu tenho memória, eu tenho nas mãos os indicadores sociais, os números da economia de quando ele foi governo, eu tenho nas mãos os resultados da atuação do governo dele nas relações exteriores. Ou seja, eu tenho consciência de que os governos Lula e o primeiro governo Dilma foram os melhores que o Brasil já teve desde a redemocratização, talvez os melhores governos da história do Brasil. Então, por isso que eu estou na campanha dele.

 

Desde a sua saída do Brasil, ficou uma certa lacuna porque não há no parlamento ou mesmo na política brasileira alguém que agregue e represente tantas causas diferentes. Havendo segurança, existe chance de você voltar ao Brasil, de voltar à política como candidato?

É muito difícil falar do futuro, porque se você me perguntasse em 2016 como estaria minha vida, eu jamais diria para você que hoje eu estaria no exílio. É difícil falar do futuro e é difícil falar do futuro em política porque tem sempre o risco de desmoralização. O que eu posso dizer é que hoje, vou falar hoje, não de amanhã porque tem muitas condições que podem me levar a mudar de decisão. Hoje eu digo que não, eu não quero voltar ao Parlamento. Não me vejo fazendo campanha de novo. Para fazer uma campanha eu teria que reinventar o modo de campanha mais do que eu já havia reinventado em 2014 que foi um modelo de campanha muito diferente. Eu não me vejo fazendo essa campanha tradicional, não me vejo convivendo com aquelas pessoas no Parlamento, não com as pessoas que eu gostava, mas com aquelas pessoas odiosas.

Eu diria que não, que vou continuar na arena política colaborando desse jeito. E eu digo com a maior honestidade porque quando eu decidi que eu não queria viver sob esse estado de violência política, eu abri mão do mandato. O poder está em outro lugar. O poder é relacional, o poder não é o locus. Então, não preciso do mandato para continuar sendo o que eu era. O que eu faço e o que eu sou não vinha do mandato. No momento, eu não quero me candidatar.

 

Você acredita na possibilidade de que, na próxima campanha com discussões como “kit gay” e “ideologia de gênero” sejam reabertas e a verdade seja exposta aos brasileiros?

Eu acho que não tem alternativa. Eu estou na campanha de Lula desde sempre e a minha decisão de me filiar ao PT tem a ver com isso, com esse compromisso. O governo do Lula, se ele vencer as eleições, não pode ser de retrovisor, olhando para o século 20 e para o que foi feito. O governo do Lula tem que ser de farol, tem que iluminar o futuro. Não há futuro se a gente não pensar nas questões de sexualidade e gênero. Não há mais retrocesso com relação a isso. Não vai haver. É como a escravidão. A escravidão se tornou residual em alguns lugares, mas o mundo aboliu. Então, não tem como voltar atrás nas questões de sexualidade e gênero. Portanto, isso vai ter que ser enfrentado. Não pode ser uma campanha que esconda nem coloque a comunidade LGBT na “bacia das almas”. Eu não vou permitir isso. Você pode perguntar, que poder você tem para isso? O poder que eu tenho é o poder que tenho como cidadão. Eu estou entrando nessa campanha e da mesma maneira como eu fui solidário a Lula, não o abandonei no momento mais difícil da vida dele, acreditei na inocência dele e estou aqui, eu acho que ele vai dar um voto de confiança de que, claro, essas questões podem ser tratadas e enfrentadas dizendo a verdade para as pessoas e enfrentando os preconceitos das pessoas.

 

Qual a sua percepção sobre Bolsonaro? Você conviveu antes que ele fosse eleito presidente e era quase que um antagonista para ele. Bolsonaro já te perseguia naquela época. O quanto ele já se mostrava truculento e inadequado?

Quando eu entrei no Parlamento, Bolsonaro já tinha duas décadas como deputado. Ele é um personagem que vem da ditadura. Eu nasci em 1974, quando Bolsonaro planejou colocar bombas em lugares públicos para impedir a abertura política da ditadura militar, eu nem sonhava em atuar na política. Minha entrada no movimento pastoral foi em 1988. Ou seja, esse sujeito existia como um fascismo residual, comportado pela própria democracia como uma infecção, uma célula cancerosa que o corpo controlava. Então, ele era uma célula cancerígena num corpo que passou por uma quimioterapia que restaurou a democracia no Brasil. As pessoas sabiam, mas não eliminavam. Algo que é uma contradição da própria democracia.

Quando eu entrei na Câmara em 2011, ele viu a oportunidade de parasitar a minha popularidade. Ele era um deputado paroquial, conhecido no Rio de Janeiro, ligado a grupos paramilitares cariocas, que representava as demandas dos militares por aumentos de salários e, claro, uma agenda autoritária de segurança típica da ditadura que era a ideia de que “bandido bom é bandido morto”. Com a visibilidade que o meu mandato passou a ter por causa das questões LGBTs, principalmente, em torno da discussão do casamento civil igualitário como decorrência da decisão de 2011 do STF de garantir a união estável homoafetiva, ele viu ali uma oportunidade de parasitar e aparecer. E ele teve o espaço para isso por causa da homofobia social e institucional. A própria imprensa homofóbica precisava dar voz a alguém que dissesse absurdos que contrariassem o avanço que a comunidade LGBT estava fazendo. Só ele se prestava a dizer aqueles absurdos. A imprensa se comportou como se eu fosse um deputado judeu, sobrevivente do holocausto e colocassem alguém para contrapor as minhas falas que era negacionista do holocausto. Era mais ou menos isso o que aconteceu comigo e Bolsonaro.

Ele foi ganhando espaço na imprensa. E a violência que ele perpetrava contra mim era tida como anedótica. Porque as pessoas riam. Não só quem cobria a política, mas os próprios colegas de parlamento tirando as mulheres, Maria do Rosário, as pessoas que eram vítima dele. Todas as pessoas que, na perspectiva dele, eram um outro vulnerável, ele insultava e avançava. E as pessoas aceitavam isso como normal. Com isso, ele foi ganhando espaço nos programas de humor. O ridículo político foi ganhando espaço. A célula cancerígena foi produzindo outras, foi virando um tumor maligno e que começou a entrar em metástase em 2016. Em 2018, adoeceu todo o corpo social e agora o Brasil está passando por uma terapia de choque para tentar recuperar o seu corpo, para ver se ainda resta corpo a essa democracia depois desse ataque.