Pazuello foge da CPI para livrar a cara do presidente
A CPI foi surpreendida na terça-feira, 4, enquanto colhia o depoimento de Luiz Henrique Mandetta, de um comunicado entregue ao presidente Omar Aziz (PSD-AM). Alegando ter mantido contato com oficiais do Exército que teriam testado positivo para a Covid-19, o General Eduardo Pazuello disse que não poderia comparecer à audiência da quarta-feira. Na hora H, o general amarelou. A tentativa de permanecer longe dos holofotes da CPI não colou. O general terá de comparecer no dia 19.
Segundo O Globo, durante as sessões de preparação para o seu depoimento na CPI, Pazuello parecia excessivamente nervoso. Daí o pedido de adiamento, que todos interpretaram uma tentativa de fuga. “Vai ser difícil livrar a cara do governo, inclusive fugindo da data marcada na CPI”, reagiu o senador Humberto Costa (PT-PE). “Foi Pazuello quem disse, ao lado de Bolsonaro, que ‘um manda e o outro obedece’”.
O pedido de dispensa de Pazuello foi recebido com desconfiança generalizada entre os integrantes da CPI. O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou requerimento para que o militar mande o teste de Covid-19.
Na tarde de quinta-feira, a chapa esquentou para o ex-ministro da Saúde. Senadores propuseram que o general da ativa do Exército seja alvo de condução coercitiva para depor perante a CPI. Eles citaram a medida após o Estadão revelar que o ex-ministro recebeu, na manhã de quinta-feira, uma visita do ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria Geral) no Hotel de Trânsito de Oficiais, onde supostamente estaria em isolamento depois de ter contato com dois servidores que contraíram a doença.
O assunto entrou em debate na CPI após o senador Jean Paul Prates (PT-RN) mostrar a foto publicada pelo jornal e citar a reportagem para perguntar ao presidente da CPI se alguma providência seria tomada. Relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) descartou a possibilidade de adoção de medidas mais duras contra Pazuello, mas atacou: “Ele precisa colaborar e deixar de usar o Exército como biombo para não vir à CPI. Isso é extremamente irresponsável”, disse.
A CPI aprovou 101 requerimentos na semana. São 89 pedidos de informações e 12 para a convocação de testemunhas. Na reunião da quinta, foram 88 requerimentos aprovados. Os parlamentares cobram o envio de documentos de ministérios, órgão do Judiciário, governos e prefeituras.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu informações ao Ministério da Saúde sobre a compra de exames para a detecção da Covid-19 entre março de 2020 e 2021. Já o relator do colegiado apresentou um pacote de requerimentos para investigar a produção e a compra de cloroquina.
Renan pediu informações do Ministério da Saúde, Comando do Exército e Fiocruz. Entre as informações solicitadas, o senador quer saber qual a quantidade de comprimidos produzidos pelo Laboratório do Exército entre 2018 e 2021.
Humberto Costa e Rogério Carvalho (PT-SE) pediram ao Ministério Público e à Justiça Federal cópias de um inquérito civil e de uma ação de improbidade instaurados para apurar o colapso no abastecimento de oxigênio em Manaus. Humberto também quer informações do Ministério da Defesa sobre leitos mantidos ociosos em hospitais militares. “É inaceitável que se repita o ocorrido em Manaus, com hospitais militares reservando vagas e deixando 72% de leitos de Covid-19 livres, enquanto o resto da população padece desassistida”, argumenta.