O Partido dos Trabalhadores tem pressa na instalação da CPI da Covid, a ser aberta pelo Senado Federal nos próximos dias para apurar a responsabilidade do governo federal na condução da pandemia. O país superou na quinta-feira passada, 15, a marca de 365 mil mortos e a bancada do PT quer a abertura dos trabalhos da CPI o mais breve possível.

“A CPI da Covid é urgente e podemos trabalhar de forma semipresencial, com protocolos rígidos e testagem dos senadores, funcionários e convocados”, defende o líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN). “O funcionamento de forma virtual já teve sua eficiência comprovada. Não cabem desculpas para se atrasar as atividades da comissão”.

O líder do PT, senador Paulo Rocha (PA), também reforça a posição. “Esse é o momento  de investigar e trazer à tona todas as omissões que estão levando à morte milhares de brasileiros”, declarou. “Os crimes do desgoverno Bolsonaro serão investigados”.

De acordo com o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a CPI pode jogar luz para a opinião pública em relação às ações e omissões do presidente Jair Bolsonaro ao expor a população brasileira ao novo coronavírus. “Essa CPI tem que guardar o foco: Bolsonaro defendeu a tese da imunidade de rebanho e, dolosamente, assumiu o risco das pessoas se contaminarem e morrerem”, alertou.

O ex-ministro da Saúde no governo Lula, senador Humberto Costa (PT-PE), destacou que a responsabilidade do governo federal na condução desastrosa do enfrentamento da pandemia é reconhecida por especialistas e juristas. Não apenas no Brasil, mas em outras nações. “É consenso mundial que a gestão do governo Bolsonaro na pandemia é uma das piores do planeta”, aponta. “Graças ao genocida, o país registra recordes de casos e mortes em sequência. A CPI vai apurar todos estes erros”.

Nesta semana, um estudo feito pela Universidade de Harvard aponta que foi a falta de coordenação nacional no combate ao coronavírus, aliada a uma série de medidas erradas por parte do governo federal, que levaram o Brasil a se tornar um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19. A conclusão do estudo foi publicado na revista Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo.

“No Brasil, a resposta federal (à pandemia) foi uma perigosa combinação de falta de ação com medidas erradas, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidência”, escrevem os pesquisadores, liderados por Marcia Castro, professora de demografia da Escola de Saúde Pública da universidade norte-americana. “A falta de uma resposta coordenada, efetiva e igualitária serviu de combustível para a propagação do vírus SARS-Cov-2”, acrescentam.

Para chegar às suas conclusões, os autores do estudo analisaram dados de infecções e óbitos das Secretarias Estaduais de Saúde para reconstituir como o novo coronavírus se espalhou pelo Brasil. Assim, eles recriaram a evolução da Covid-19 no território nacional ao longo de 2020 e começo de 2021. •

 

 

Governo não terá maioria

A CPI da Pandemia, a ser instalada pelo Senado, terá 11 titulares. Parlamentares vão decidir se as sessões serão presenciais, remotas ou híbridas.

A composição até agora mostra que o governo tem minoria no colegiado. A maioria é independente e próxima à oposição: Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). A oposição tem dois nomes: Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Já o governo tem quatro próximos: Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Pode-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO). Outros dois são tidos como menos próximos:  Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM). Ambos são do Amazonas e têm interesse nas investigações que vão apurar responsabilidades pela tragédia em Manaus.