Dia da Solidariedade com Palestina registra mobilização global
Enquanto o Papa pede solução de dois estados, países europeus e brasileiros promovem atos em defesa do povo palestino

O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, criado pela ONU em 1977, foi marcado por manifestações globais, incluindo uma grande marcha em Roma liderada por Greta Thunberg e Francesca Albanese, enquanto o Papa Leão XIV reafirmava no Líbano a necessidade da solução de dois Estados.
A data de 29 de novembro foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1977, por meio da resolução 32/40 B, escolhida para marcar o aniversário da adoção da resolução 181 (II) de 1947, que propunha a partição da Palestina. Este ano completam-se 77 anos desde que a ONU assumiu a responsabilidade de encontrar uma solução justa para a questão palestina, ainda não resolvida.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reiterou em mensagem oficial o “apelo pelo fim da ocupação ilegal do Território Palestino e por progresso irreversível rumo a uma solução de dois Estados, em linha com o direito internacional e resoluções relevantes da ONU”.
Papa Leão XIV defende solução de dois estados
Em visita ao Líbano neste domingo (30), o Papa Leão XIV foi enfático ao defender a solução de dois Estados durante conversa com jornalistas no voo para Beirute, informa o Euronews. “A Santa Sé, por muitos anos, apoiou publicamente a proposta de uma solução de dois Estados. Todos sabemos que neste momento Israel ainda não aceita esta solução, mas a vemos como a única solução que poderia oferecer uma resposta a um conflito que está continuamente vivo”, declarou o pontífice.
O Papa acrescentou que a Igreja está disposta a atuar como “voz de mediação que pode ajudar a aproximar-se de uma solução com justiça para todos”, enfatizando que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, com quem se reuniu na quinta-feira, também está “certamente de acordo”.
Atos em diversos países marca o dia de mobilização global
A ativista climática Greta Thunberg e a relatora especial da ONU Francesca Albanese lideraram uma grande marcha no sábado (29) que reuniu milhares de pessoas em solidariedade a Gaza. O ato, organizado pelo sindicato de base USB, incluiu também o ativista brasileiro Thiago Ávila, que participou de duas viagens da Flotilha da Liberdade para Gaza em junho e outubro.
Antes da marcha, Greta e Francesca participaram da conferência “Reconstruir a Justiça” na Universidade Roma, em Trento. Greta foi aplaudida de pé após abordar a situação em Gaza e criticar o papel das instituições internacionais. “Até as instituições estão dizendo o que os palestinos vêm dizendo o tempo todo, que um genocídio está ocorrendo”, afirmou a ativista sueca, enfatizando a necessidade urgente de acabar com toda cumplicidade financeira e militar.
Francesca, por sua vez, denunciou como a cobertura midiática suprime a realidade nos territórios ocupados. “Temo que o genocídio continue, graças ao silenciamento da verdade”, alertou a relatora da ONU, lembrando que “mais de 50% da Faixa de Gaza está ocupada por tanques israelenses” e que na Cisjordânia, “onde não há Hamas”, mais de 1.200 pessoas foram mortas desde 7 de outubro de 2023.
A mobilização não se limitou a Roma. Manifestações ocorreram em diversas cidades ao redor do mundo, incluindo Dublin, Genebra, Paris, Londres, Berlim, Estocolmo, São Paulo e Istambul, demonstrando o caráter global da solidariedade com a causa palestina.



