O mais recente aconteceu  no dia 24 de novembro, em Moçambique, onde foi homenageado por ter consolidado laços entre o Brasil e o país africano

42 vezes: por que Lula recebe tantos títulos de doutor honoris causa?
Presidente Lula recebe o título de Doutor Honoris Causa em Ciência Política, Desenvolvimento e Cooperação Internacional pela Universidade Pedagógica de Maputo. Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano – Maputo (Moçambique)
Foto: Ricardo Stuckert / PR

A história se repete desde 2011. De lá para cá, já foram 42 vezes, todas elas com uma certa dose de provocação. Afinal, como é possível um ex-torneiro mecânico, sem diploma universitário, que ousou virar presidente, ser tão lembrado por instituições de ensino do Brasil e do mundo? A própria trajetória de Lula basta para justificar os tantos títulos de doutor honoris causa que já recebeu. 

O mais recente deles, de número 42, aconteceu no dia 24 de novembro, em Moçambique, país africano pelo qual o presidente brasileiro nutre profundo respeito. O título de doutor honoris causa em ciência política, desenvolvimento e cooperação internacional pela Universidade Pedagógica de Maputo, concedido ao líder brasileiro, fez parte da comemoração dos 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países. 

A homenagem reconhece a trajetória de Lula, além da contribuição do Brasil ao avanço da educação e da ciência em Moçambique. O reitor da universidade, Jorge Ferrão, contou que mais de 30% dos quadros de alto escalão científico da academia moçambicana, entre mestres e doutores, formaram-se em instituições de ensino superior brasileiras, em cooperações firmadas durante os governos do presidente Lula.

No discurso, Lula agradeceu a honraria afirmando que a recebia “em nome do povo brasileiro” e se emocionou ao lembrar que cresceu sem formação educacional. Disse que entende profundamente o que significa “um trabalhador sem estudo” e defendeu o papel da educação como caminho para transformar países em desenvolvimento.

O que é título de doutor honoris causa?

O título de “Doutor Honoris Causa”, que em latim significa “por causa de honra”, é o mais importante na lista dos que podem ser concedidos por uma instituição de nível superior. 

Antes de ser entregue, é necessário que o nome indicado seja aprovado em sessão ou pelo conselho universitário. Na prática, a honraria é dada às pessoas que tenham se destacado por sua contribuição em áreas como cultura e educação. Em outras palavras, é o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido por essas personalidades.

Lula supera Paulo Freire em títulos 

Com os 42 títulos de doutor honoris causa recebidos ao longo de sua trajetória política, Lula se tornou o brasileiro com o maior número de honrarias, superando o educador Paulo Freire.

No dia 28 de janeiro de 2011, o presidente Lula recebeu seu primeiro título de doutor honoris causa. A homenagem, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, havia sido oferecida inicialmente em dezembro de 2003, mas ele decidiu que não aceitaria nenhum título enquanto ocupasse a presidência da República.

Depois, recebeu também títulos em instituições como a Universidad Mayor de San Marcos, no Peru, a mais antiga das Américas; Universidade de Coimbra, em Portugal; Universidade Federal de Pernambuco, Politécnica de Lausanne, na Suíça; Universidade Federal do Rio de Janeiro; Sciences-Po, de Paris; Universidad de La Plata, na Argentina; Universidade de Salamanca, na Espanha, entre outras instituições nacionais e internacionais.

A maior parte das homenagens reconhece o trabalho feito durante as suas gestões para o desenvolvimento da Educação. Além de levar experiências brasileiras para diversos países, Lula deu início à maior revolução do setor educacional. Foi a partir de seu primeiro ano como presidente, em 2003, que começou a maior expansão da  rede pública federal, que é formada pelos Institutos Federais (IFs); pelos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets); pelas Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades; e pelo Colégio Pedro II. Foram criados 422 campi entre os anos de 2005 e 2016, sendo 214 entre 2005 e 2010, além de 208 entre 2011 e 2016. Nesse período, também foram entregues ou incorporadas à rede de ensino outras 92 unidades. Atualmente, são 682 unidades e mais de 1,5 milhão de matrículas. Com os novos cem campi anunciados em 2024, a rede federal passa a contar com 782 unidades, sendo 702 campi de IFs.