Lula deve voltar a Belém para negociações; primeiro rascunho do documento síntese está previsto para quarta-feira (19)

Brasil propõe debate sobre texto final em semana decisiva da COP30 
Tania Rego/Agência Brasil

Negociações entram na fase política e Brasil tenta destravar consenso sobre combustíveis fósseis e financiamento climático

A trigésima edição da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, a COP30, entrou em uma nova fase nesta segunda-feira (17). Agora, na segunda semana do evento, os ministros do Meio Ambiente dos países chegam para a etapa política do encontro. 

Durante a primeira semana, foi realizada a fase de negociações técnicas da conferência com os primeiros textos ganhando forma. Os pontos considerados mais sensíveis são: o financiamento dos países ricos, a necessidade de metas mais ambiciosas, restrições comerciais com base em questões ambientais e mais transparência nos relatórios de emissões de poluentes. 

A presidência da COP divulgou, nesta terça-feira (18), o primeiro rascunho da decisão sobre os temas polêmicos com a inclusão do mapa do caminho, uma proposta para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, impulsionada por Lula. 

“Os governos pediram para que a presidência trouxesse um primeiro rascunho para começarmos a ter decisões mais elaboradas”, disse Ana Toni, diretora-executiva da COP30.

Em Belém, nesta quarta-feira (19), a expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça uma reunião bilateral com o secretário-geral da ONU, António Guterres, além de encontros com líderes e representantes da sociedade civil.

De acordo com apuração da Folha de S. Paulo, os quatro itens que geram discordância na diplomacia climática foram abordados em formato de um pacote, como parte de uma estratégia da presidência brasileira da COP no sentido de destravar as negociações.

O financiamento dos países ricos para os países em desenvolvimento, a elaboração de metas climáticas mais ambiciosas, as medidas comerciais unilaterais e a construção de relatórios de transparência foram temas de entrave nas últimas edições da COP. Conseguir que os assuntos fossem debatidos sem serem embargados logo de início foi considerada uma vitória para a organização brasileira. 

O documento batizado de “decisão mutirão” aborda ainda a defesa do multilateralismo em um recado não explícito ao boicote de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e também fala da necessidade de engajamento de governos estaduais e municipais, além do setor privado. 

Abertura da segunda fase

Na abertura da plenária de alto nível, nesta segunda-feira (17), autoridades brasileiras e internacionais apontaram a necessidade de avançar na transição energética e na justiça climática.

O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, participou da cerimônia e reforçou a mensagem do governo brasileiro para a COP 30. “Esta deve ser a conferência da verdade, da implementação e, sobretudo, da responsabilidade”, destacou.

“Essa COP deve marcar o início de uma década de aceleração e entrega. O momento em que o discurso se transforma em ação concreta, em que deixamos de debater metas e, todos nós, passamos a cumpri-las”, acrescentou Alckmin.

Durante o discurso, o vice-presidente trouxe a necessidade de triplicar a meta global de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030. “Estamos aqui para transformar a ambição em resultados e em boas políticas públicas. Nosso dever é garantir que a ação climática global seja guiada pela ética da responsabilidade, uma ética que une ciência, solidariedade, progresso e dignidade”, afirmou.