Brasil consolida agenda com o Sudeste Asiático e amplia parcerias estratégicas
Balanço da viagem à Indonésia, Malásia e à Cúpula do Leste Asiático destaca diversificação comercial, transição energética, semicondutores e defesa do multilateralismo

O Brasil encerra uma maratona pelo Sudeste Asiático com saldo político e econômico que recoloca a região no centro da estratégia externa do país. A agenda começou na Indonésia, seguiu para a Malásia e incluiu participação inédita na Cúpula da Ásia do Leste, em Kuala Lumpur.
Ao fim da viagem, o presidente classificou a missão como “mais uma viagem exitosa”, sublinhando que a aproximação atende à ambição de diversificar parcerias, atrair investimentos e abrir mercados em economias de alto crescimento.
“Temos um potencial extraordinário em todas as áreas para crescer a relação com a Indonésia… e o primeiro-ministro Anwar Ibrahim é uma figura extraordinariamente agradável, que quer ter uma relação forte com o povo brasileiro”, afirmou.
Na Cúpula da Ásia do Leste, o Brasil defendeu o multilateralismo, a reforma da governança global e a convergência entre agendas da ASEAN, do G20 e do BRICS. “A aproximação entre o Sudeste Asiático e o Brasil, de Leste a Oeste, é crucial para a defesa do multilateralismo”, afirmou o presidente, ao celebrar sinergias em inclusividade, sustentabilidade e transição energética. Reforçou ainda que “diversificar relações é sinônimo de autonomia” e que alinhamentos automáticos são armadilhas a evitar.
Comércio, investimentos e semicondutores
A comitiva levou mais de 100 empresários e priorizou frentes como agricultura e pecuária, ciência e tecnologia, minas e energia, semicondutores e educação. Na Malásia, foram firmados sete instrumentos de cooperação — com destaque para um acordo na indústria de semicondutores — e abertos seis novos mercados para produtos brasileiros.
“O presidente não faz negócio, ele abre portas. E a receptividade tem sido extraordinária”, disse. A meta é elevar o intercâmbio com a ASEAN a “outro patamar”, reduzindo a dependência de poucos parceiros e aproveitando cadeias produtivas complementares.
Bilaterais e mercados e transição energética
Em Jacarta, foram assinados oito acordos e realizada uma reunião com mais de 100 empresários. Em Kuala Lumpur, houve encontros com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, e bilaterais com Singapura (inovação, economia verde, mineração) e Vietnã (meta de US$ 15 bilhões até 2030 e interesse em aproximar MERCOSUL e Hanói).
Em paralelo, o presidente tratou com o mandatário dos Estados Unidos das tarifas sobre exportações brasileiras, numa conversa descrita como “franca e construtiva”.
A agenda climática permeou as tratativas, com ênfase em combustíveis sustentáveis, hidrogênio verde e governança climática. O Brasil voltou a assegurar que a COP30 será “a COP da verdade”, e anunciou iniciativas como a declaração para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.
Reconhecimento acadêmico
A Universidade Nacional da Malásia concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao presidente, em Filosofia e Desenvolvimento Internacional e Sul Global, homenagem vinculada à trajetória de combate à fome, inclusão social e cooperação.
Ao fazer o balanço, o chefe do Executivo resumiu o método: diplomacia econômica com presença política. “Isso não se faz por WhatsApp, não se faz por e-mail; se faz pegando na mão das pessoas, olhando nos olhos e convencendo.”



