Os 80 anos de Lula em 8 atos: um breve retrato do presidente que mudou a história do país
Dos tempos de greves no ABC à liderança mundial pela democracia e inclusão, a trajetória de Lula completa 80 anos como símbolo da luta e da esperança do povo brasileiro

Luiz Inácio Lula da Silva completa 80 anos como um dos maiores líderes populares do mundo e figura central da história contemporânea do Brasil. Da infância pobre no sertão de Pernambuco ao terceiro mandato como presidente da República, a trajetória do ex-metalúrgico simboliza a força da luta coletiva e o poder de transformação social que nasce do povo.
O impacto de Lula ultrapassa as fronteiras do país. Reconhecido internacionalmente como uma das principais vozes em defesa da democracia e do combate à fome, o presidente brasileiro é hoje referência mundial em políticas de inclusão e justiça social. Sua vida se confunde com as grandes viradas políticas, econômicas e culturais do país — da resistência à ditadura militar às conquistas trabalhistas e à reconstrução democrática.
Aos 80 anos, Lula segue no centro do debate nacional e internacional. O que se vê em sua biografia é mais do que a história de um homem: é o retrato de um Brasil que aprendeu a sonhar e a se levantar mesmo diante das maiores adversidades. A seguir, oito atos que ajudam a compreender a trajetória do operário que se tornou símbolo de um país.
A greve que mudou tudo
O Brasil vivia sob a ditadura militar (1964–1985) e passava por uma forte crise econômica. O reajuste salarial dos trabalhadores era definido pelo governo, e os sindicatos tinham pouca autonomia. A paralisação começou em março de 1979, liderada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, presidido por Lula. Cerca de 170 mil operários de grandes montadoras — como Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania — cruzaram os braços exigindo reposição das perdas salariais.
Durante a primeira assembleia no Estádio de Vila Euclides, em 13 de março de 1979, Lula discursava sobre um palanque improvisado, sem aparelhos de som. Os operários mais próximos repetiam suas frases em coro, e, sucessivamente, os demais faziam o mesmo. O gesto se tornou símbolo de uma liderança que já ecoava longe das fábricas.
O nascimento do PT
Após as greves do ABC, viria o passo seguinte na formação de Lula como líder popular: a criação do Partido dos Trabalhadores (PT). Fundado em 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo, o partido nasceu em meio à abertura política da ditadura militar, reunindo sindicalistas, intelectuais, religiosos progressistas e movimentos sociais que sonhavam com uma nova forma de fazer política no Brasil.
As greves gerais de 1980 e 1981 consolidaram o novo sindicalismo e abriram o caminho para a fundação do partido. Mais do que simples paralisações, esses movimentos expressaram o nascimento de um sindicalismo autônomo e combativo, que lutava não apenas por melhores salários, mas também por democracia e justiça social.
As Diretas Já
Durante o movimento das Diretas Já, em 1983 e 1984, Lula teve papel de destaque como uma das principais vozes do sindicalismo e da oposição ao regime militar. O país vivia o auge da mobilização popular pela volta das eleições diretas para presidente, e o líder do recém-criado PT via nas ruas o mesmo espírito de união e luta que havia nas greves do ABC. As praças tomadas por milhares de pessoas marcaram o reencontro do povo com a democracia — e Lula já era um de seus rostos mais conhecidos.
O papel na Constituição Cidadã
Na Assembleia Constituinte (1987–1988), Lula se destacou como uma das vozes mais firmes na defesa de uma Constituição cidadã, que garantisse direitos sociais amplos e consolidasse a democracia após duas décadas de ditadura. Ele havia chegado ao Congresso como um dos deputados mais votados do país e via na Constituição de 1988 a oportunidade de transformar em lei as lutas que havia travado nas fábricas e nas ruas.
A lição de 1989
A primeira disputa à Presidência da República, em 1989, embora tenha terminado em derrota, foi fundamental para que Lula e o PT recalculassem a rota e consolidassem uma base popular mais ampla. A derrota para Fernando Collor de Mello ensinou a Lula e ao partido o valor da estratégia e da paciência política. A experiência amadureceu o projeto que o levaria à vitória anos depois.
A vitória histórica
A eleição de 27 de outubro de 2002 marcou um momento histórico para o Brasil e para o PT, consolidando décadas de mobilização social e política. Após três tentativas anteriores, a vitória refletiu experiência acumulada, organização e uma ampla base popular. A campanha teve como pilares a redução da pobreza, o combate à desigualdade e a continuidade das conquistas democráticas.
No segundo turno, Lula transmitiu confiança e credibilidade, conciliando propostas progressistas com estabilidade econômica. Seu histórico de luta pelos trabalhadores e sua proximidade com a população foram decisivos para mobilizar eleitores em todas as regiões, garantindo uma vitória expressiva e consolidando o PT como força nacional.
A queda e o retorno
Após ser preso injustamente em abril de 2018 e ter sua candidatura barrada, Lula seguiu, mesmo do cárcere, como porta-voz da classe trabalhadora. Quando foi libertado, já não havia dúvidas de que seria ele, de novo, o nome escolhido para disputar o governo.
Durante a campanha de 2022, Lula conseguiu unificar forças políticas diversas, dialogar com amplos setores sociais e transmitir uma mensagem de democracia, inclusão e reconstrução nacional. Em 30 de outubro de 2022, foi eleito presidente pela terceira vez, consolidando seu retorno à história política brasileira. Da prisão à Presidência, Lula reafirmou sua trajetória como expressão da esperança e da persistência do povo brasileiro.



