Os EUA podem entrar em guerra contra a Venezuela? Entenda
Movimentação de tropas, ataques em águas internacionais e operações secretas reacendem o temor de confronto direto, mas especialistas avaliam que uma guerra em larga escala ainda é improvável.

O clima entre Venezuela e Estados Unidos voltou a se deteriorar nas últimas semanas, com movimentações militares no Caribe, acusações de terrorismo e novas sanções econômicas. A escalada reacendeu o debate: os EUA podem realmente entrar em guerra contra a Venezuela? Segundo analistas, embora existam sinais de confronto crescente, uma guerra aberta é improvável, devido a barreiras legais, logísticas e políticas.
O Pentágono reforçou sua presença no Caribe, com destróieres e aviões de vigilância operando próximos ao litoral venezuelano. O governo norte-americano afirma que as ações fazem parte de uma ofensiva contra o narcotráfico, enquanto Caracas denuncia uma tentativa de desestabilização e mudança de regime.
No início de outubro, Washington também autorizou operações secretas da CIA na Venezuela, ampliando a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Em resposta, Caracas mobilizou milhares de soldados e milicianos e declarou “alerta máximo” em suas fronteiras.
Um grupo de especialistas das Nações Unidas classificou ataques de forças americanas contra embarcações em águas internacionais como “execuções extrajudiciais” e violação do direito internacional. O episódio gerou críticas de governos latino-americanos e alimentou o temor de uma escalada regional.
Quatro cenários possíveis
Especialistas apontam quatro níveis de risco na atual crise:
1. Pressão econômica e diplomática — É o cenário mais provável, com aumento de sanções, bloqueios e isolamento político da Venezuela.
2. Operações encobertas e ataques limitados — Já em curso, envolvem ações pontuais contra alvos ligados ao narcotráfico ou às forças armadas venezuelanas.
3. Operações militares controladas — Incluem ataques aéreos ou navais, bloqueios e incursões rápidas, sem invasão terrestre.
4. Guerra em larga escala — Considerada improvável, pois exigiria apoio do Congresso americano, grande mobilização militar e enfrentaria forte resistência internacional.
Obstáculos a uma guerra aberta
Uma invasão da Venezuela teria alto custo político e humanitário para Washington. O Congresso norte-americano precisaria autorizar uma operação prolongada, o que parece pouco viável em um ano eleitoral. Além disso, a Rússia, a China e Cuba mantêm cooperação militar com Caracas, o que ampliaria o risco de uma crise global.Outro fator é a opinião pública: após duas décadas de guerras no Oriente Médio, a população americana demonstra resistência a novas intervenções externas. Pesquisas recentes indicam que menos de 20% dos norte-americanos apoiariam uma ação militar contra Maduro.
Os EUA acusam o governo venezuelano de envolvimento com o narcotráfico e de apoiar grupos armados regionais. Já Maduro afirma ser alvo de uma campanha de “cerco imperialista” e denuncia que Washington busca derrubar seu regime. No discurso interno, o líder venezuelano utiliza a ameaça externa para reforçar a coesão das Forças Armadas e justificar novas medidas de controle político e militar.Apesar das tensões, a possibilidade de uma guerra direta continua remota. O mais provável é a intensificação de sanções, operações secretas e demonstrações de força no Caribe. Ainda assim, analistas alertam que um erro de cálculo ou incidente militar pode transformar a atual crise em um conflito de consequências imprevisíveis.