Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) é finalista do Prêmio Earthshot, do Reino Unido, e deve ser oficialmente lançado durante a Conferência do Clima, em novembro, em Belém

Ações para a COP30: Brasil define modelo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre e recebe a Pré-COP em Brasília
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A contagem regressiva para a COP30, que será realizada em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro, trouxe duas movimentações importantes na política climática brasileira. 

O governo federal definiu o modelo de investimento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), iniciativa apresentada por Lula em setembro, e Brasília sediará nos próximos dias a Pré-COP30, encontro preparatório entre negociadores e ministros do clima.

As duas ações reforçam o protagonismo do Brasil nas discussões sobre o financiamento climático global e a transição ecológica. O TFFF, que busca remunerar países pela manutenção das florestas em pé, foi anunciado como finalista do Prêmio Earthshot 2025, uma das maiores distinções internacionais na área ambiental, concedida pelo Reino Unido.

Ao mesmo tempo, a Pré-COP, que ocorre nos dias 13 e 14 de outubro, reunirá mais de 50 delegações de países no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, com o objetivo de construir consensos antes da conferência oficial.

Fundo brasileiro ganha destaque internacional

O modelo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foi detalhado pelo embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty. O Banco Mundial deverá aprovar a estrutura intermediária ainda em outubro, abrindo caminho para que os países façam compromissos de aporte financeiro.

Durante coletiva ao lado da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Lyrio destacou que o fundo “junta o discurso de recursos públicos com a alavancagem de recursos privados”. 

Segundo a ministra, a proposta simboliza a “COP da implementação”, marcada pela busca de soluções concretas para reduzir emissões e acelerar o financiamento climático.

O TFFF foi proposto pelo Brasil durante a COP28, em Dubai, e construído em parceria com outros dez países — cinco florestais (Colômbia, Indonésia, Malásia, Gana e República Democrática do Congo) e cinco apoiadores (Noruega, Alemanha, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e França), além de organizações da sociedade civil, povos indígenas e comunidades tradicionais.

O fundo fará pagamentos e incentivos de longo prazo a países que comprovem a conservação de suas florestas, beneficiando até 71 países em desenvolvimento. No mínimo, 20% dos recursos serão direcionados a povos indígenas e comunidades locais. A estimativa é que o mecanismo possa proteger mais de 1 bilhão de hectares de floresta tropical.

De acordo com o governo brasileiro, o TFFF reconhece o valor econômico e ambiental dos serviços prestados pelas florestas, assegurando retorno financeiro para quem preserva. O Brasil já anunciou investimento inicial de US$ 1 bilhão e o lançamento oficial está previsto para a COP30.

Ações para a COP30: Brasil define modelo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre e recebe a Pré-COP em Brasília
Em evento na sede da ONU em setembro, Brasil anunciou aporte de US$ 1 bilhão ao TFFF – Foto: Fernando Donasci/MMA

TFFF é finalista do Prêmio Earthshot

O reconhecimento internacional veio no início de outubro, quando o TFFF foi anunciado como um dos finalistas do Prêmio Earthshot 2025, criado pelo Príncipe William para incentivar soluções de impacto contra as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.

Na cerimônia de anúncio, William destacou que “em apenas cinco anos o Earthshot mostrou que as respostas para os maiores desafios do planeta não apenas já existem, mas estão ao nosso alcance”. 

O fundo brasileiro concorre na categoria “Proteger e restaurar a natureza”, e pode consolidar-se como um modelo global de financiamento climático permanente.

Brasília sedia a Pré-COP30

A Pré-COP30, que ocorre em Brasília nos dias 13 e 14 de outubro, marca a fase final de preparação para a conferência de Belém. Embora não faça parte do calendário oficial da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o encontro tem papel estratégico: facilitar acordos políticos e técnicos entre os países antes da COP.

Mais de 50 delegações confirmaram presença, entre as 65 convidadas, totalizando 500 participantes, incluindo ministros, negociadores e representantes de alto escalão. 

A reunião abordará temas como adaptação climática, transição energética justa, florestas, energias renováveis e o acompanhamento do Balanço Global (Global Stocktake – GST), instrumento que avalia o cumprimento das metas do Acordo de Paris.

A escolha de Brasília para sediar o encontro reforça a importância do Brasil como liderança ambiental no contexto internacional. A candidatura para sediar a COP30 foi lançada por Lula em 2022, durante a COP27 no Egito, e confirmada por unanimidade em 2023, na COP28, em Dubai. A presidência brasileira se estenderá até 2026.

Com informações da Agência Brasil e ONU News.