Lula e Trump trocam telefones e prometem encontro em breve: imprensa mundial repercute
Líderes conversaram por videoconferência por 30 minutos, trocaram números pessoais e demonstraram interesse em reaproximar Brasil e Estados Unidos após meses de tensão comercial

A imprensa internacional repercutiu a conversa entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacando o tom amistoso do diálogo e a troca de telefones pessoais para comunicação direta.
O encontro virtual, realizado na manhã de segunda-feira (6/10), teve duração de 30 minutos. Na ocasião, Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta pelo governo norte-americano a produtos brasileiros.
De acordo com o Palácio do Planalto, a ligação foi feita por iniciativa de Trump. Os dois presidentes trocaram números pessoais para manter um canal direto de comunicação. Para o presidente brasileiro, o gesto representa “uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”.
Lula e Trump concordaram em se encontrar pessoalmente em breve. O brasileiro sugeriu que o encontro ocorra durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, reiterou o convite para que Trump participe da COP30, em Belém, e manifestou disposição para viajar aos Estados Unidos.
“A conversa foi focada principalmente na economia e no comércio entre nossos dois países”, afirmou Donald Trump em postagem nas redes
Repercussão internacional — A BBC destacou uma postagem de Trump em sua rede social na qual o republicano afirmou que a conversa “foi focada principalmente na economia e no comércio entre nossos dois países”. Segundo ele, “teremos mais discussões e nos reuniremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, sem fornecer datas específicas ou detalhes sobre os encontros.
Nos Estados Unidos, a revista Fortune publicou que a reunião foi descrita por assessores como “produtiva e cordial” e representa “uma significativa mudança de tom nas relações bilaterais”, que vinham tensionadas. A agência referiu-se a Lula como “Chefe brasileiro”.
A ABC News também noticiou o contato, destacando o convite de Lula para que Trump vá ao Brasil participar da COP30, em novembro.
Na Ásia, a emissora japonesa NHK informou que os presidentes decidiram manter diálogo direto após uma conversa de 30 minutos, incluindo a troca de números pessoais. A rede reforçou que as discussões “foram focadas principalmente na economia e no comércio entre nossos dois países”, com o compromisso de promover novas reuniões “em um futuro não muito distante”.
Contexto político e repercussão britânica — O jornal The Guardian destacou a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão, mesmo após tentativas dos Estados Unidos de interferir na decisão judicial, por meio de sanções a autoridades brasileiras e cancelamento de vistos. O veículo lembrou ainda o gesto de aproximação de Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, quando comentou: “Ele pareceu um homem muito agradável”, descrevendo uma “química excelente” entre ambos.
“Os dois presidentes demonstraram determinação de virar essa página que marcou os últimos dois meses da relação entre os países”, disse Fernando Haddad
Relações econômicas e confiança mútua
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou na manhã desta terça-feira (7/10) de coletiva transmitida pelo canal Gov.br, com a presença de emissoras de rádio de vários estados. Ele explicou que viajará aos Estados Unidos para reuniões do G20 com o Banco Mundial e o FMI, encontros que ocorrem duas vezes por ano – e comentou a possibilidade de o senador Marco Rubio estabelecer contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Haddad ressaltou “a determinação dos dois presidentes de virar essa página que marcou os últimos dois meses da relação entre os países”.
Em sua avaliação, “não faz sentido dois países com uma longa tradição de cooperação” enfrentarem tensões como as recentes. O ministro lembrou que “os Estados Unidos só têm superávit com três países: Inglaterra, Austrália e Brasil”, e que “não faz muito sentido o Brasil ser tarifado”.
Ele enfatizou que “não estamos falando apenas em nome do Brasil, mas do subcontinente, que é deficitário em relação aos Estados Unidos e precisa de mais investimento”, destacando áreas de interesse comum como “transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar”.
Manifestando otimismo, Haddad concluiu: “Isso tudo vai assentando a poeira e abrindo caminho para alguma coisa que vale a pena. Uma coisa produtiva, uma coisa edificante. É o que todos esperamos.”