Marinha de Israel intercepta flotilha com ajuda humanitária para Gaza e detém ativistas

A Marinha de Israel interceptou nesta quarta-feira (01/10) embarcações que transportavam ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e deteve os ativistas a bordo, entre eles, a Deputada Federal do PT de Ceará, Luizianne Lins. Outros 11 cidadãos brasileiros que estavam em outras embarcações também foram detidos na ação.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, vários barcos que fazem parte da Flotilha Global Sumud (GSF) foram “parados com segurança” e os ocupantes estão sendo transferidos para um porto israelense. A pasta afirmou que a Marinha havia orientado as embarcações a mudarem de rota por estarem “se aproximando de uma zona de combate ativa”.
Em atualizações da manhã desta quinta-feira (02/10), a GSF informou que os barcos continuavam a ser interceptados. Em um comunicado anterior o grupo havia dito que 30 embarcações ainda navegavam “determinadas” rumo à Gaza e estavam a 46 milhas náuticas de seu destino. O ministério israelense divulgou um vídeo da interceptação que mostra a ativista Greta Thunberg sentada no convés de um barco, recebendo água e um casaco de um militar.
Reações
Brasil, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Chile manifestaram preocupação com a ação militar e responsabilizaram Israel pela segurança dos ativistas detidos, exigindo o cumprimento do direito internacional.
O governo venezuelano classificou a ação como um “ato covarde de pirataria” e denunciou “a natureza criminosa do regime sionista”. Em comunicado, afirmou que o bloqueio de ajuda humanitária por Israel é uma “ferramenta deliberada de guerra” destinada a submeter a população de Gaza pela fome.
O chanceler Mauro Vieira afirmou que o Brasil manifestou “urgente preocupação” pela segurança dos ativistas. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva salientou que Israel tem “responsabilidade integral” pelas vidas dos que estavam a bordo. Durante a sessão da Câmara Federal, o presidente Hugo Motta, disse que comunicou-se com o Itamaraty pedindo que a segurança dos brasileiros seja garantida. Ele disse que estava em contato direto com a deputada e estava acompanhando a ação.
O governo uruguaio manifestou “séria preocupação” e exigiu que Israel “respeite a integridade física dos ativistas” e cumpra a lei humanitária internacional.
O presidente Luis Arce, da Bolívia, condenou a incursão como um “ataque brutal” e uma “violação flagrante do direito internacional”. Afirmou ainda que a “política de terrorismo de Estado” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não justifica o ataque a civis desarmados.
A porta-voz do governo do Chile, Camila Vallejo, confirmou a presença de dois cidadãos chilenos na flotilha e declarou que a missão contava com o “pleno apoio do Estado chileno”. O Ministério das Relações Exteriores está adotando as providências para proteger seus nacionais.
O vice-primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, classificou os relatos como “preocupantes” e disse esperar que Israel cumpra a lei internacional. Entre os oito cidadãos irlandeses que foram detidos está o Senador Chris Andrews, do Sinn Féin.
Esta não é a primeira vez que Israel bloqueia tentativas de ativistas de entregar ajuda por mar a Gaza, com ações semelhantes tendo ocorrido em junho e julho deste ano.
Os brasileiros nos barcos interceptados são (atualizado 02/10 pela manhã).
Barco Grande Blu – Luizianne Lins, deputada federal pelo PT
Barco Alma – Thiago Ávila (membro do Comitê Diretor da Global Sumud Flotilla)
Barco Sirius – Mariana Conti, vereadora de Campinas pelo PSOL; Nicolas Calabrese, professor e coordenador da Rede Emancipa no Rio de Janeiro; Bruno Gilga, trabalhador da USP e ativista da CSP-Conlutas; Lisiane Proença, comunicadora popular; Magno Costa, diretor do SINTUSP
Barco Adara – Ariadne Telles, advogada popular e militante da luta pela terra na Amazônia; e Mansur Peixoto, criador do projeto História Islâmica
Barco Spectre – Gabi Tolotti, presidente do PSOL-RS e Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino e coordenador da Frente Palestina de São Paulo
Barco Yulara – Lucas Gusmão, ativista internacionalista
(Com informações da assessoria da deputada Luiziane Lins e das agências internacionais)