Parlamentar integra flotilha que tenta romper bloqueio marítimo imposto por Israel e levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza

 “Os olhos do mundo devem estar em Gaza”, diz Luizianne Lins, deputada brasileira que integra flotilha Global
Arte da foto: Revista Focus Brasil


A flotilha Global Sumud Flotilla, que partiu em 13 de setembro do porto tunisino de Bizerte para unir-se a outras embarcações que saíram da Espanha no dia 1º, está a apenas dois dias de chegar ao seu destino: Gaza. A ação é a maior tentativa até o momento de romper o bloqueio marítimo imposto por Israel desde 2007, e leva ajuda humanitária simbólica, principalmente alimentos e medicamentos, para chamar atenção à crise humanitária na região.

Entre os brasileiros que acompanham a ação está a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), que falou com exclusividade à Focus Brasil. “Hoje à noite (30/09) possivelmente nós entramos na faixa de conflito que Israel se arvora de ser dono: o espaço territorial marítimo, algo totalmente ilegal, pois são águas internacionais. Eles não têm propriedade sobre a área, mas isso só faz parte do bloqueio e do cerco que eles impõem a Gaza”, afirmou a parlamentar. 

A deputada também manifestou consternação com o número de crianças palestinas mortas: “São mais de 20.000 crianças mortas, já são milhares de centenas de palestinos mortos numa guerra desumana, desigual e um genocídio, como muito bem caracterizou o presidente Lula ao abrir a Assembleia Geral da ONU”.

O comboio é composto por 52 embarcações, a maioria pequenas, com navios maiores fornecendo apoio e provisões para os barcos menores. Segundo os organizadores, são mais de 46 nações representadas, com veteranos militares, médicos, religiosos e advogados. Entre os ativistas de destaque internacional estão a jovem sueca Greta Thunberg e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau.

Durante o trajeto, os organizadores relataram pelo menos três incidentes de embarcações sendo alvejadas por drones: duas vezes na Tunísia, em 8 e 9 de setembro, e uma enquanto navegavam ao sul da Grécia, nas primeiras horas de quarta-feira, 23. No ataque mais recente, a flotilha afirmou ter sido alvo de “drones não identificados e interferência nas comunicações” durante a noite. 

Os ativistas ouviram “pelo menos 13 explosões” sobre e ao redor de várias embarcações. Drones ou aeronaves também lançaram “objetos não identificados” em pelo menos 10 barcos. Embora nenhuma vítima tenha sido relatada, houve danos às embarcações e “obstrução generalizada nas comunicações”.

A ativista Greta Thunberg gravou um vídeo na quinta-feira, 24, em que disse que não tem “medo de Israel”. “Tenho medo de um mundo que parece ter perdido todo o senso de humanidade”, declarou.

 “Os olhos do mundo devem estar em Gaza”, diz Luizianne Lins, deputada brasileira que integra flotilha Global
Eden Bar Tal, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, classificou a flotilha como “provocação” e disse que ela serve ao Hamas Foto: Reprodução YouTube

Resposta internacional

Autoridades espanholas prepararam um navio patrulha offshore da Marinha para zarpar do porto de Cartagena rumo ao Mediterrâneo oriental, onde a flotilha está localizada, para auxiliar em caso de necessidade ou ataque. A Itália também anunciou o envio de navios para a área, a fim de prestar assistência ou realizar resgates.

Israel, no entanto, reiterou as fortes críticas à iniciativa, alertando que os barcos não serão autorizados a chegar a Gaza. 

O oficial do Ministério das Relações Exteriores israelense, Eden Bar Tal, afirmou que o “propósito real desta flotilha é a provocação e servir ao Hamas, certamente não o esforço humanitário”. Israel declarou que qualquer recusa em seguir as advertências colocaria a responsabilidade nos organizadores.

A União Europeia alertou contra o uso de qualquer força, enfatizando que “a liberdade de navegação sob o direito internacional deve ser mantida”. O Escritório de Direitos Humanos da ONU pediu uma investigação sobre os ataques de drones.

A deputada Luizianne Lins reforçou sua esperança em chegar ao destino: “A partir desse momento a gente pede muita vigilância e atenção a todo mundo para Gaza, porque a partir de agora a gente pode sofrer ataques, intercepção e bloqueio”.