Evento reúne mais de 4 mil mulheres em Brasília e marca retomada da principal instância de participação social para a igualdade de gênero no Brasil

“Não há democracia plena sem a voz das mulheres”, diz Lula na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres
O presidente Lula, a primeira-dama Janja e ministras durante a cerimônia de abertura da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres , em Brasília – Foto: Ricardo Stuckert / PR

“Tudo isso existe porque vocês lutaram e foram capazes de construir. Avançamos muito, mas ainda há muito a ser conquistado”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), realizada nesta segunda-feira (29/9), em Brasília. 

O evento reúne mais de 4 mil participantes e simboliza a reconstrução de mecanismos democráticos após quase dez anos sem conferência.

Em seu discurso, Lula destacou que o encontro é uma resposta aos retrocessos recentes e às tentativas de silenciar as mulheres. “Esta conferência é também um grito contra o silêncio. Um grito pela liberdade das mulheres falarem o que quiserem, quando quiserem e onde quiserem. Não há democracia plena sem a voz das mulheres. De todas as mulheres. Pretas, brancas, indígenas, do campo e da cidade”, afirmou.

Inclusão social e novos direitos
O presidente ressaltou o protagonismo feminino nos programas de inclusão social do governo, citando o Bolsa Família, o Farmácia Popular, o Minha Casa Minha Vida e o Prouni. Também anunciou avanços recentes: a sanção da Lei nº 15.222/2025, que amplia a licença-maternidade em até 120 dias após a alta hospitalar, e da Lei nº 15.221/2025, que institui a Semana Nacional de Conscientização sobre os Cuidados com Gestantes e Mães.

Na cerimônia de abertura, Lula enfatizou que políticas públicas só serão eficazes se construídas de forma transversal e cooperativa entre União, estados e municípios. “Somente quando construídas de forma compartilhada, essas políticas serão capazes de contemplar as diversidades e particularidades que marcam a vida de mais de 100 milhões de brasileiras”, declarou.

Compromisso coletivo
Com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”, a 5ª CNPM foi organizada pelo Ministério das Mulheres e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM). A ministra Márcia Lopes afirmou que o encontro é fruto da mobilização popular. “Tentaram nos calar, mas não conseguiram. Esta conferência é a realização de um sonho coletivo, que percorreu todo o Brasil e trouxe até aqui milhares de mulheres”, disse.

Ex-presidenta Dilma Rousseff, hoje no comando do Banco dos BRICS, também enviou mensagem. “Esta Conferência é mais do que um espaço de debate, é a expressão viva da democracia participativa. Este reencontro, quase dez anos depois, tem uma força ainda maior, porque superamos um período de retrocessos e de ataques às conquistas democráticas”, afirmou.

Diversidade e protagonismo
As etapas preparatórias mobilizaram mais de 156 mil brasileiras em conferências municipais, estaduais, distrital e encontros temáticos. Em Brasília, lideranças femininas de movimentos sociais reforçaram a centralidade da diversidade: mulheres negras, trabalhadoras rurais, indígenas, lésbicas e trans marcaram presença com falas que destacaram suas pautas específicas.

“Não há democracia possível sem a centralidade das mulheres negras que são a maioria da população brasileira”, afirmou Sandrali Bueno, do CNDM. Já Josi Kaigang, da Marcha das Mulheres Indígenas, ressaltou a luta pela demarcação de terras e a defesa das novas gerações. Bruna Benevides, da Marcha da Visibilidade Trans, destacou: “Esta Conferência é histórica porque é marcada pela diversidade e representatividade na prática”. As propostas discutidas ao longo do evento servirão de base para a atualização do novo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Além dos debates, a programação inclui feiras, mostras culturais e de economia solidária, reforçando o caráter democrático e plural da conferência.