35 anos do SUS: rede que atende 76% da população e realiza 2,8 bilhões de atendimentos por ano
Com 3,5 milhões de profissionais e 2,8 bilhões de atendimentos anuais, o SUS chega aos 35 anos reafirmado como patrimônio social e orgulho do Brasil

Na semana em que o presidente levou ao mundo, na ONU, a mensagem de que a única guerra justa é contra a fome e a pobreza, o Brasil também comemora outro marco civilizatório: os 35 anos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Criado a partir da Constituição de 1988 e regulamentado em 1990, o SUS tornou-se um dos maiores sistemas públicos de saúde do planeta, referência pela universalidade e gratuidade. É dele que dependem diretamente 76% da população brasileira, em um total de 2,8 bilhões de atendimentos por ano, realizados por 3,5 milhões de profissionais.
“O SUS é motivo de orgulho: nenhum outro país com mais de 100 milhões de habitantes tem um sistema universal capaz de oferecer atendimento gratuito a todos”, escreveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais.
Lula destacou investimentos recentes do governo, como a expansão do Mais Médicos, a retomada do Brasil Sorridente, o reforço do Farmácia Popular e o lançamento do programa Agora Tem Especialistas.
Um divisor de águas na saúde
Antes do SUS, apenas trabalhadores formais tinham acesso garantido a hospitais públicos. Para a maioria da população, restava pagar ou depender da caridade. O sistema rompeu essa lógica excludente e se consolidou como política de Estado, levando saúde a todas as regiões do país.
A Estratégia Saúde da Família, lançada em 1994, revolucionou o atendimento primário e hoje está presente em áreas urbanas, rurais, comunidades indígenas e até territórios fluviais. O SUS também se firmou como a maior rede pública de transplantes do mundo: só em 2024 foram mais de 30 mil procedimentos.
“O SUS nasceu da luta do povo por direitos. Cresceu, sobreviveu a ataques e hoje é referência mundial em saúde pública gratuita e universal”
Histórias de vida salvas
A trajetória do sistema é marcada por histórias que traduzem sua importância. Robério Melo, de Brasília, sobreviveu após um transplante de fígado em 2017. “Eu renasci. O SUS me devolveu a vida. Hoje dedico minha trajetória a mostrar que doar órgãos é doar vida”, afirmou.
Na pandemia de Covid-19, a rede pública foi decisiva para salvar vidas. “Mesmo com hospitais lotados, fui tratado com atenção e o SUS me salvou”, lembra Rodrigo Silva, de Minas Gerais. A técnica de enfermagem Ana Célia, do Piauí, resume o sentimento de milhões de brasileiros: “Confiança e acolhimento. É no SUS que encontro cuidado para mim e para meu filho”.
Emergências e desafios
Da tragédia da Boate Kiss às enchentes do Rio Grande do Sul, passando pela crise humanitária Yanomami, o SUS mostrou sua capacidade de resposta rápida em situações de emergência. A rede também mantém o maior programa público de vacinação da América Latina, responsável por conquistas como a erradicação da poliomielite e, mais recentemente, o pioneirismo na oferta da vacina contra a dengue.
Futuro em construção
O fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde busca reduzir a dependência externa e garantir que até 70% das necessidades do SUS sejam produzidas no Brasil nos próximos dez anos. Programas como o Novo PAC Saúde também expandem a rede com novas UBS, maternidades, policlínicas, unidades móveis e ambulâncias do SAMU.
Aos 35 anos, o SUS mostra que vai muito além de hospitais: está no copo de água potável, na segurança alimentar, na regulação de medicamentos e na prevenção de epidemias. É política pública que salva vidas diariamente e se mantém como o maior patrimônio social do Brasil.