40 anos da greve nacional dos bancários de 1985: um marco que parou o Brasil e encurralou a “Nova República”
Em jornal disponível no arquivo do Centro de História Sérgio Buarque de Holanda, está registrado o relato da maior paralisação da história do sistema financeiro brasileiro

Liderada por figuras como Luiz Gushiken, em São Paulo, Olívio Dutra, em Porto Alegre, David Zaia, em Campinas, Augusto Carvalho, em Brasília, entre tantos outros e outras lideranças nacionais, a Greve Nacional dos Bancários, realizada entre 10 e 12 de setembro de 1985, paralisou a Bolsa, a Cacex (Carteira de Comércio Exterior) e bancos de todo o país.
Foi a primeira greve nacional de uma categoria, e entrou para a história como um divisor de águas na organização da classe trabalhadora.
O movimento foi um sucesso, garantindo conquistas importantes diante da intransigência do governo e dos bancos. Demonstrou que os trabalhadores estavam dispostos a romper o ciclo de derrotas, conquistando a simpatia da população e a solidariedade de diversas entidades, entre elas a CUT e o Partido dos Trabalhadores (PT).
Mobilização e informação
Para romper o isolamento, os bancários construíram uma campanha de comunicação direta com a sociedade, usando cartazes, boletins e até mídia paga em horário nobre. O êxito da paralisação se apoiou em quatro pilares: mobilização, organização, unidade nacional e quebra do isolamento.
Um calendário de ações articuladas pela recém-criada CUT Nacional resultou em atividades simultâneas no dia 28 de agosto, reunindo 30 mil bancários em São Paulo e 7 mil no Rio de Janeiro.
Esse processo, aprovado por unanimidade no Encontro Nacional da categoria em Campinas, deu confiança à base e mostrou que a unidade era possível sem perda de identidade das correntes sindicais. Foram mais de 300 mil jornais distribuídos em todo o país.
Politicamente, a greve expôs as continuidades entre a chamada “Nova República” e a ordem anterior: a ilegalidade decretada pelo Ministério do Trabalho e a postura intransigente do governo Sarney. Mesmo assim, nas ruas, a população reagiu com apoio e solidariedade.
O apoio do PT
Em edição do Boletim Nacional do PT, publicada entre setembro e outubro de 1985, o jornalista Rubens Lemos registrou que o governo acusava o PT de dirigir a greve. A resposta veio clara: o partido apoiou integralmente o movimento, respeitando sua autonomia, e ficou “do lado certo da história”.
A greve dos bancários de 1985, ao travar as engrenagens do sistema financeiro nacional, não apenas conquistou avanços salariais e direitos, mas também pavimentou um caminho de maior unidade e consciência política da classe trabalhadora. Cada agência bancária fechada se tornou símbolo de resistência e um tijolo na construção de um novo Brasil.
com colaboração do CSBH (A semana na História)