Julgamento de Bolsonaro repercute no mundo e expõe desafio à democracia brasileira
Veículos como o Financial Times, El País, The Guardian e Reuters destacaram o caráter sem precedentes do caso e sua ressonância transnacional

Reprodução: The Economist
A abertura da fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal ganhou amplíssima cobertura na imprensa internacional e acentuou uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
O julgamento, que se estende até 12 de setembro de 2025, foi visto como um marco histórico na consolidação da democracia no país. Veículos como o Financial Times, El País, The Guardian e Reuters destacaram o caráter sem precedentes do caso e sua ressonância transnacional.
Na imprensa europeia, o processo foi retratado como um teste de maturidade institucional.
O El País o chamou de “julgamento histórico”, salientando que Bolsonaro e sete ex-auxiliares estão sendo julgados por trama golpista com penas que podem alcançar 43 anos de prisão.
O Guardian foi além, qualificando o processo como um divisor de águas para a democracia brasileira, apontando que é a primeira vez que figuras tão poderosas enfrentam Justiça por tentarem subverter a ordem democrática.
Já o Financial Times ressaltou que o julgamento ocorre em meio à deterioração das relações com os Estados Unidos e pode acelerar mudanças na política externa brasileira.
Reações dos EUA e análises jurídicas
A cobertura estadunidense também foi intensa. A Reuters destacou que o julgamento está cercado por medidas punitivas do governo Trump – incluindo tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, revogação de vistos e sanções econômicas contra ministros do STF como Alexandre de Moraes – catalogando o momento como um dos mais tensos em décadas nas relações bilaterais.
No terreno jurídico, publicações como a NPR, El País, The New York Times, Washington Post e Le Monde sublinharam o caráter inédito do episódio. A NPR definiu o julgamento como “histórico”, por ser a primeira vez que um ex-chefe de Estado responde criminalmente por tentativa de golpismo.
O New York Times e o El País realçaram a importância simbólica da responsabilização de Bolsonaro por tentar “desmantelar a democracia brasileira” e citaram como evidência a colaboração decisiva de Mauro Cid. O Guardian alertou para o risco de “esquecimento político” e o vazio que poderia se formar na extrema-direita caso Bolsonaro seja condenado.
Além do jornalismo impresso, canais públicos também deram destaque. A BBC construiu uma linha cronológica dos eventos investigativos, destacando a robustez institucional do STF. O francês Le Monde lembrou que o Brasil ainda carrega as cicatrizes da ditadura militar e que este julgamento representa uma ruptura com esse passado.
O argentino Clarín e o mexicano El Universal enfatizaram o marco histórico, ressaltando que jamais desde a redemocratização um ex-presidente foi julgado por tentativa de golpe.
A imprensa especializada e universidades também entraram no debate: Steven Levitsky, cientista político de Harvard, classificou o julgamento como “um marco de resiliência institucional”, reforçando a democracia brasileira num comparativo com os Estados Unidos. A revista The Economist também elogiou a solidez do Judiciário brasileiro diante de pressões externas.