Cúpula da OCX cria Banco de Desenvolvimento na China, terremoto no Afeganistão deixa mais de mil mortos e França enfrenta ameaça de greve geral

Da China ao Afeganistão, passando pela França, a semana foi marcada por contrastes entre construção de alternativas globais e desafios sociais e humanitários. 
Em Tianjin, líderes do Sul Global criaram o Banco de Desenvolvimento da OCX, buscando maior autonomia financeira frente ao Ocidente. Ao mesmo tempo, um terremoto devastador no Afeganistão deixou milhares de vítimas, enquanto na Europa a França se prepara para uma greve geral contra medidas de austeridade.

Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) 2025 termina com a decisão do bloco criar um Banco de Desenvolvimento 

A semana no mundo: novos blocos, velhas crises
Foto: Wickcommons

Reuniram-se em Tianjin, na China, o presidente da China, Xi Jinping, da Rússia, Vladimir Putin, e da Índia, Narendra Modi, para a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, OCX, de 2025. Chefes de Estado de pelo menos outros 17 países também participaram – entre eles Irã, Vietnã, Paquistão, Egito, Turquia, Armênia, Azerbaijão, Laos e Camboja. Em seu documento final os Estados-membros ressaltaram “a importância de estabelecer o Banco de Desenvolvimento da OCX e decidiram criá-lo 

“Defendemos que se acelere a resolução quanto à conexão do banco autorizado da República Islâmica do Irã aos trabalhos da IBO (Associação Interbancária)”. A declaração também afirma que os países da OCX opõem-se a quaisquer medidas coercitivas unilaterais, inclusive de natureza econômica.

“As partes interessadas tomaram a decisão de estabelecer o Banco de Desenvolvimento da OCX, um evento da maior importância, algo que vinha sendo preparado há muito tempo. As negociações foram longas, e agora os Estados-membros chegaram a esta decisão”, disse o secretário-geral da OCX, Nurlan Yermekbayev, em uma coletiva de imprensa após a cúpula.

Em coletiva de imprensa no encerramento da cúpula, o presidente chinês Xi Jinping disse que a relação China-Rússia se tornou um exemplo de laços entre grandes países, uma amizade permanente de boa vizinhança, coordenação estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica. Xi Jinping manifestou o desejo de trabalhar em conjunto com todos os países que pensam da mesma forma para salvaguardar os propósitos e princípios da Carta da ONU, e construir um sistema de governança global mais justo e equitativo.

(Com informações do Sputinik Internacional)

Socorristas buscam sobreviventes após terremoto que matou mais de 1.100 no Afeganistão

A semana no mundo: novos blocos, velhas crises
Foto: ONU UNHCR/ARWEO

Em meio aos escombros de casas destruídas por um forte terremoto no leste do Afeganistão, equipes de resgate seguem com buscas por sobreviventes. A Sociedade da Cruz Vermelha Afegã que atua na região, contabiliza pelo menos 1.124 mortos e 3.251 feridos.

O tremor, de magnitude 6,0 na escala Richter, atingiu áreas remotas de províncias montanhosas próximas à fronteira com o Paquistão. Pelo menos cinco fortes sismos sacudiram a mesma região após o tremor principal.

Várias agências da ONU relataram devastação generalizada em quatro províncias, incluindo Nangarhar e Kunar, onde funcionários e agentes humanitários estão em busca de auxílio.

O fato de o terremoto ter ocorrido por volta da meia-noite aumentou o temor de que um número significativo de vítimas ainda permaneça soterrada sob os escombros de suas casas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informou que muitas crianças estão entre os mortos. Além disso, os primeiros socorristas relataram que a precária qualidade das comunicações na região montanhosa dificulta as operações de resgate e a avaliação dos estragos.

Centros de controle de abalos explicam que o epicentro do tremor foi localizado a uma profundidade relativamente rasa, de cerca de oito quilômetros, o que amplifica seu poder de destruição. Edifícios registraram movimento nas capitais Cabul, no Afeganistão, e Islamabad, no Paquistão.

(com informações da ONU)

França enfrenta ameaça de paralisação nacional com apoio de partidos de esquerda

Partidos políticos mainstream, incluindo a esquerda, aderiram ao anúncio de greve geral nacional na França, inicialmente restritos a fóruns online marginais. As autoridades preveem protestos no dia 10 de setembro, dois dias após uma moção de censura que pode derrubar o governo do primeiro-ministro François Bayrou.

A campanha “Bloquons tout” (Vamos bloquear tudo) viralizou defendendo manifestações e greve geral de serviços como resposta ao pacote de austeridade do governo que prevê cortar dois feriados nacionais e congelar benefícios sociais e pensões. A medida, anunciada em julho, desencadeou uma crise política.

Partidos como o França Insubmissa (LFI), Ecologistas e o Partido Comunista Francês endossaram publicamente os protestos. Jean-Luc Mélenchon, líder do LFI, declarou que “é legítimo resistir quando o governo escolhe estrangular o povo”. A Agência France 24/7 informou que a CGT (maior central sindical francesa) está dividida sobre o apoio à paralisação.

Eco dos Coletes Amarelos

O movimento que cresceu nas últimas semanas tem sido comparado aos Coletes Amarelos, Gilets Jaunes, de 2018, que paralisaram a França por meses. Na época, protestos emergiram de demandas contra o aumento de combustíveis proposto por Macron, mas evoluíram para uma revolta contra a desigualdade social e reformas neoliberais. Durante os protestos, ocorreram 11 mortes com mais de 4.000 feridos, registrou o INSEE (Instituto Francês de Estatística).