Popularidade de Lula cresce com resposta firme a Trump e foco na justiça tributária
Pesquisas Atlas e Quaest mostram recuperação de apoio ao governo, com aprovação à agenda econômica, rejeição ao tarifaço de Trump e melhora na percepção sobre a política externa

As recentes pesquisas divulgadas pela AtlasIntel e pela Quaest indicam que a popularidade do governo ganhou novo fôlego. A união de esforços em torno da justiça social e tributária, aliada à resposta assertiva à ingerência de Trump contra o Brasil, parece sustentar uma conjuntura positiva refletida na melhora dos índices.
De acordo com a Atlas, a popularidade do presidente subiu de 47,3% para 49,7%, enquanto a reprovação caiu de 51,8% para 50,3%. Já a avaliação positiva do governo subiu de 41,6% para 43,4%, e a negativa caiu de 51,2% para 49,4% — reduzindo a distância entre os que consideram o governo ótimo/bom e ruim/péssimo de quase 10 pontos percentuais (p.p.) para 6 p.p. desde maio. O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 13 de julho, portanto, de 2 a 4 dias após o anúncio de Trump.
O levantamento da Quaest, com dados colhidos entre 10 e 14 de julho (entre 1 e 5 dias após o anúncio do presidente norte-americano), aponta que a desaprovação ao governo recuou de 57% para 53%, e a aprovação subiu de 40% para 43% — uma redução da distância entre ambos de 17 p.p. para 10 p.p.
Segundo o instituto, 66% dos brasileiros tomaram conhecimento do tarifaço de Trump, enquanto 33% não sabiam — sendo 47% entre lulistas/petistas e 40% entre os que não têm posicionamento político. A medida de Trump é impopular: 63% consideram incorreta sua afirmação sobre a relação comercial entre Brasil e EUA ser desequilibrada; 72% creem que ele está errado ao impor taxas por suposta injustiça contra Bolsonaro — mesmo entre bolsonaristas, 48% acham que Trump está errado e 42% certo. Ainda, 79% acreditam que as tarifas prejudicarão suas vidas.
A maior parte dos brasileiros (44%) crê que Lula e o PT estão fazendo o que é mais correto em relação ao tema, enquanto 29% acham que Bolsonaro e seus aliados têm razão. Uma ampla maioria, de 84%, deseja união entre governo e oposição em defesa do Brasil. Segundo a Atlas, a avaliação positiva da política externa do governo Lula subiu de 49,6% em novembro de 2023 para 60,2% em julho.
Outros fatos da conjuntura das últimas semanas são menos conhecidos que o ataque de Trump: a disputa entre governo e Congresso (51%), a agenda de justiça tributária (43%) e o recurso do governo ao STF para retomar o decreto do IOF (46%). No entanto, a pesquisa aponta ampla aprovação da agenda de justiça tributária: 63% acham que o governo deve aumentar impostos dos mais ricos para diminuir dos mais pobres, 75% apoiam a elevação da faixa de isenção do IR e 60% são favoráveis ao aumento do IR para super-ricos.
Por fim, segue a tendência de redução da percepção de piora na economia — em março eram 56% e agora são 46%. Como novidade, possivelmente impactada pelas ameaças trumpistas, a expectativa de piora supera, pela primeira vez, a de melhora: 43% acreditam que a economia irá piorar, e 35%, que irá melhorar.
O apoio da população aos temas vinculados à justiça tributária, somado à rejeição popular ao tarifaço de Donald Trump — visto como tentativa de pressionar o Brasil para beneficiar Bolsonaro —, compõem uma conjuntura mais favorável ao governo a partir dos acontecimentos das últimas semanas.