Intitulada “Por um Brasil Mais Justo”, consulta coleta opinião da população sobre escala 6×1 e reforma no Imposto de Renda

“É um tema que está na boca do povo”, diz militante sobre campanha do Plebiscito Popular
Foto: Junior Lima @xuniorl.jpg

Com uma metodologia com mais de 25 anos de existência, o Plebiscito Popular é um instrumento importante de diálogo da esquerda, por meio da atuação do conjunto dos movimentos sociais, com a sociedade brasileira. Apesar da aparente simplicidade da ideia, em consultar a população sobre medidas relevantes da conjuntura política, os desafios da execução mobilizam a militância em todo o país.

Nesta edição, de 2025, são abordados dois temas: o fim da jornada de trabalho 6×1 (quando o trabalhador tem apenas uma folga na semana) e as mudanças no imposto de renda, com a taxação dos mais ricos e a isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

Participam da construção da votação: os partidos políticos PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB, UP e PCB; movimentos populares de diversas frentes, centrais sindicais, entidades da juventude e organizações de fé, em especial católicos, evangélicos e povos de terreiro, além de artistas progressistas que apoiam a ideia.

Segundo Igor Felippe, da Comissão Executiva do Plebiscito Popular por Um Brasil Mais Justo, até agora, já são mais de 10 mil urnas cadastradas em todos os estados. 

O representante da campanha explica que há três formas de votação: com urnas fixas, em locais de trabalho e espaços comunitários; urnas volantes, acompanhadas de grupos de militantes nos terminais de ônibus, igrejas, calçadões de grande circulação; além da votação pelo site.  

“É um tema que está na boca do povo”, diz militante sobre campanha do Plebiscito Popular
Levante Popular da Juventude

Mobilização da militância

 Um desses grupos é o Militantes na Luta, do Rio de Janeiro, que concentra especialmente a militância petista da cidade. O grupo, de acordo com a participante Jô Portilho, se reúne com frequência a partir de uma banquinha em locais de grande circulação para disseminar as políticas públicas promovidas pelo governo do PT e, nesse contexto, aderiram à campanha do plebiscito. 

“Nosso objetivo vai além do resultado final, do recolhimento dos votos para pressionar o Congresso. Muita gente chega sem saber nem o que é o plebiscito, então a gente esclarece, explica, é um trabalho que saímos quase desidratados de tanto que falamos, mas é uma forma muito legal de fazer o trabalho de base”, comenta Portilho.  

A militante aponta como acertada a escolha do tema.“Eu me surpreendi muito em como esse tema está na boca do povo, antes da gente começar a conversar, o pessoal já pergunta ‘é contra a 6×1? onde eu assino?’, diz. Jô Portilho destaca que o grupo tem realizado os trabalhos, principalmente, em locais onde há grande presença de trabalhadores na escala 6×1, como em portas de grandes supermercados, estações de metrô, para que eles possam ser ouvidos na consulta.

“A aceitação é realmente muito boa, a importância, na minha opinião, é trazer o trabalhador para uma realidade que estava adormecida, que é a reivindicação de suas pautas no campo político, esse é um espaço que o povo trabalhador precisa ocupar. Então, acredito que a campanha é bem relevante para os movimentos e partidos”, afirma a militante Lauri, que também faz parte do grupo.

Outra militante, Viviane Gitahy, explica que, além da pauta sobre a escala de trabalho, o tema da justiça social aparece muito fortemente na questão do Imposto de Renda. “Esse debate faz parte da luta de classes”, pontua. 

Sobre a campanha

Os trabalhos do Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo foram organizados em três etapas. A primeira, que começou em março e foi encerrada em junho, tinha como pilares a construção da unidade, a organização e o enraizamento. Já a atual, que começou em 1 de julho, é a fase de coleta da votação, propriamente, e conta com um calendário de mutirões em diversos estados. 

A parte final da campanha ocorre após o dia 7 de setembro, quando as votações serão encerradas. Nos meses de outubro e novembro, haverá a contabilidade dos votos e a entrega simbólica para o presidente Lula, além dos presidentes dos outros poderes, Davi Alcolumbre (Senado), Hugo Motta (Câmara) e Edson Fachin (Supremo Tribunal Federal). 

“É um tema que está na boca do povo”, diz militante sobre campanha do Plebiscito Popular
crédito: Elineudo Meira @fotografia.75

Igor Felippe, da Comissão Executiva, lembra que para dar início à campanha, houve diversas plenárias nacionais, e um processo de formação de mais de 200 militantes, que levaram o acúmulo dos temas e tarefas para a execução nos estados. 

Além disso, ele destaca os debates realizados dentro da pluralidade da esquerda para a construção de unidade. “O processo de definição dos temas foi bastante longo, rico e trabalhoso, durou cerca de quatro meses de diálogo com o conjunto das forças populares que estão construindo o Plebiscito Popular”, diz. 

“O tema da escala 6×1 ganhou muita força com a campanha lançada pelo VAT [Vida Além do Trabalho] e demonstrou a capacidade dessa bandeira de conseguir dialogar com o segmento dos trabalhadores que trabalham nessa escala e também gerou uma solidariedade de trabalhadores de outros regimes, que entendem essa escala como um nível muito forte de exploração. A tributação já estava na ordem do dia do governo a partir dos debates colocados desde 2023”, explica.