Derrotar a extrema direita e avançar na soberania nacional, por Alberto Cantalice
A ofensiva tarifária de Trump, o servilismo da extrema direita brasileira e o desafio da independência tecnológica são o centro do debate sobre a soberania nacional, escreve o diretor de comunicação da FPA, Alberto Cantalice

Alberto Cantalice
A ingerência do ultradireitista Donald Trump nos assuntos internos do Brasil, motivada pelos apelos da extrema direita bolsonarista, demonstra cabalmente o grau de servilismo a que chegaram os patriotas de araque. A imposição da sanção de 50% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos, país que é superavitário na balança comercial com o Brasil, usando como mote uma mentirosa perseguição a Bolsonaro e sua quadrilha pelo STF, aponta que a escalada do atual ocupante da Casa Branca, além de deletéria, foge a qualquer parâmetro de civilidade nas relações internacionais.
A forma arrogante da missiva do mandatário norte-americano nos faz lembrar da Doutrina Monroe, formulada pelo então presidente James Monroe em 1823, que sublinhava que qualquer intervenção nos assuntos políticos das Américas seria vista como ato hostil aos Estados Unidos. Foi a interpretação dessa doutrina imperialista que deu azo à intervenção estadunidense em golpes e quarteladas de triste memória em nosso continente.
É claríssimo que a aplicação tarifária por parte de Trump visou amedrontar o governo brasileiro em sua iniciativa de fortalecer os BRICS e restabelecer uma política externa independente, que por sinal já faz parte do histórico do nosso Itamaraty.
As reações às ingerências de Donald Trump puseram a nu o vira-latismo e a subalternidade da extrema direita brasileira frente ao seu patrão em Washington. As atitudes de Bolsonaro e de sua quadrilha já eram previsíveis. Pulularam os crimes de lesa-pátria e de submissão aos interesses estrangeiros, em detrimento dos exportadores brasileiros. Significativa foi a conduta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o mesmo que colocou o boné do Make America Great Again, traiu os empresários paulistas e se aliou à traição à pátria.
Essa ameaça à nossa soberania mostra a necessidade urgente de o Brasil romper a dependência tecnológica que atravanca o desenvolvimento nacional. Alvissareira foi a informação recente de que a Agência Espacial Brasileira, em conjunto com a Aeronáutica e sob a coordenação do Ministério da Ciência e Tecnologia, constituiu um grupo de trabalho para a construção de um GPS 100% nacional.
Outro dado relevante é o Nova Indústria Brasil, que, englobando variados setores, busca colocar o Brasil na rota da inovação tecnológica.
O Brasil é um país soberano e não deve se subsumir à lógica de nenhuma grande potência. Busquemos o nosso caminho.