As acusações que cercam Eduardo Bolsonaro
Deputado licenciado, filho do ex-presidente é investigado por envolvimento em desinformação, articulações internacionais e conflitos judiciais

Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem sido alvo de diversas controvérsias e acusações recentes, que vão da disseminação de desinformação a conflitos judiciais com figuras públicas.
Esses episódios evidenciam a crescente tensão entre Eduardo Bolsonaro e as instituições brasileiras, além de seu envolvimento com redes de desinformação e disputas judiciais. Sua mudança para os Estados Unidos e a consequente perda da imunidade parlamentar podem influenciar diretamente o curso desses processos.
A seguir, um resumo dos principais episódios:
Renúncia ao mandato e ida aos EUA
Em março de 2025, Eduardo Bolsonaro anunciou sua renúncia ao cargo de deputado federal e sua mudança para os Estados Unidos. Alegou temer perseguição política e afirmou que, a partir do exterior, buscaria justiça contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, além de promover a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada pouco antes de o STF julgar a possível responsabilização de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Ações judiciais por calúnia e difamação
Diversas figuras públicas moveram ações judiciais contra Eduardo Bolsonaro por postagens ofensivas ou pela disseminação de informações falsas.
Daniela Mercury, Tabata Amaral, os irmãos Abraham e Arthur Weintraub e a empresária Vanessa Moreira processaram o deputado por calúnia e difamação. Em um dos casos, Tabata Amaral acusou Eduardo de divulgar fake news ao insinuar que um projeto de sua autoria beneficiaria o empresário Jorge Paulo Lemann.
Os irmãos Weintraub, por sua vez, apresentaram uma queixa-crime ao STF após serem xingados por Eduardo nas redes sociais.
Envolvimento com desinformação e fake news
Eduardo Bolsonaro tem sido associado a várias iniciativas de desinformação.
Durante a pandemia de COVID-19, foi citado no relatório final da CPI da Pandemia como “articulador de financiamentos para sites que desinformaram”, tendo intermediado contatos entre o blogueiro Allan dos Santos e o empresário Luciano Hang.
Em 2023, investigações revelaram sua ligação com o argentino Fernando Cerimedo, conhecido por espalhar fake news sobre processos eleitorais. Eduardo contratou um funcionário de Cerimedo para sua campanha e participou de eventos organizados por ele.
Já em 2024, foi apontado pelo governo federal como disseminador de desinformação sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, ao lado do senador Cleitinho Azevedo e do influenciador Pablo Marçal.
Articulação internacional com a extrema-direita
Eduardo Bolsonaro participou de mais de 125 reuniões com lideranças da extrema-direita nas Américas, incluindo figuras como Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump. Essas articulações tinham como objetivo contestar o resultado das eleições brasileiras de 2022 e promover narrativas de fraude eleitoral.
Multa por propaganda eleitoral enganosa
Em maio de 2023, Eduardo Bolsonaro foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), junto a outros parlamentares, por divulgar um vídeo descontextualizado que associava o slogan “Faz o L” a incentivos ao uso de drogas e à criminalidade. A propaganda buscava prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
Bancado pelo pai
O apoio financeiro de Jair Bolsonaro ao filho veio à tona após o ex-presidente declarar publicamente que arcaria com os custos da estadia de Eduardo nos Estados Unidos, após sua licença do mandato sob alegação de perseguição política. Bolsonaro afirmou ainda ter recebido ofertas de doações de apoiadores para ajudar na manutenção do filho no exterior.
A declaração foi feita em meio à repercussão de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou o recebimento de R$ 17,1 milhões via Pix por Jair Bolsonaro entre janeiro e julho de 2023. As transferências foram atribuídas a campanhas de arrecadação promovidas por seus apoiadores para o pagamento de multas judiciais.