Valéria Sasser, uma brasileira com cidadania dos EUA, alerta para crise democrática e risco de conflito interno sob governo Trump

'Um estado de destruição': as preocupações de uma brasileira vivendo nos EUA de Trump
Protestos Hands Off – Foto: Valéria Sasser

Valéria Sasser, brasileira com cidadania estadunidense, expressa sua convicção sobre a necessidade de engajamento político para defender a democracia e a privacidade após o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Residente em Sacramento, na Califórnia, ela participou das manifestações do movimento Hands Off em abril, em defesa dos direitos da comunidade brasileira nos EUA.

Morando no país desde 1999, Valéria demorou a solicitar a cidadania, buscando uma conexão emocional genuína antes da decisão. Casada com um veterano da Guerra do Golfo, ela “queria sentir dentro de mim que tinha amor ou conexão com o país a ponto de me tornar cidadã”, explica. Com o passaporte americano, passou a participar ativamente da política,  algo impossível com o Green Card.

O segundo mandato de Trump, iniciado há quatro meses, é motivo de preocupação. Ela descreve um “estado de destruição” no país e argumenta que a vitória do ex-presidente não reflete a vontade da maioria. “Como o voto não é obrigatório e a participação foi baixa, houve muitos não votos de protesto. Gente que simplesmente não foi”, diz.

Povo nas ruas

Nas manifestações do Hands Off, Valéria notou maior mobilização, mas ainda insuficiente: “Ter 11 milhões de pessoas protestando é muito em números absolutos, mas só 3,5% da população. Precisamos de mais gente nas ruas”.

Ela critica as ações de Elon Musk à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) e cita os mais de 200 processos judiciais contra o governo Trump. “Estamos à beira de uma crise constitucional. Pelo sistema legal, um juiz pode contratar uma força policial privada para impor leis. A situação é grave e imprevisível”.

Valéria também teme uma guerra civil. “Há grupos discutindo revolução, militares sendo instados a desobedecer ordens ‘inconstitucionais’ e uma massa apática que ignora tudo, desde que seu Netflix funcione”, relata. Sobre o risco de terrorismo doméstico, ela alerta para o desmonte de políticas públicas: “Com cortes na Educação, crianças perderão merenda e acesso à saúde. Muitas só comem na escola. A desigualdade é enorme, e não sei até onde isso vai levar”.

'Um estado de destruição': as preocupações de uma brasileira vivendo nos EUA de Trump
Protestos Hands Off – Foto: Valéria Sasser