Brasil e Chile reforçam parceria com foco em comércio, integração e democracia
Durante visita oficial, Gabriel Boric e Lula assinaram 13 acordos bilaterais e defenderam a cooperação regional e o multilateralismo.
Após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Chile em agosto de 2024, foi a vez do presidente chileno, Gabriel Boric, retribuir a agenda. Entre os dias 22 e 24 de abril, Boric esteve no Brasil com uma ampla comitiva ministerial. Durante os encontros, os dois presidentes celebraram os 189 anos de relações diplomáticas e assinaram 13 instrumentos bilaterais, aprofundando a cooperação em áreas estratégicas.
No dia 22 de abril, data em que se comemora o Dia da Amizade Brasil-Chile, a comitiva chilena foi recebida no Palácio do Planalto. Foram discutidos temas bilaterais, regionais e multilaterais, com foco no comércio e na integração latino-americana.
O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, com um intercâmbio anual de US$ 12,3 bilhões, além de ser o maior investidor latino-americano no país vizinho, com mais de US$ 4,5 bilhões aplicados em setores como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, construção e fármacos. Entre os principais produtos exportados pelo Chile ao Brasil estão cobre, pescados e minérios. Do lado brasileiro, destacam-se petróleo, carne bovina e automóveis. Espera-se que o avanço nas regras do Acordo de Livre Comércio impulsione ainda mais as exportações de veículos para o Chile.
Fórum Empresarial Chile-Brasil
Na cerimônia de encerramento do Fórum Empresarial Chile-Brasil, cerca de 200 empresários e empresárias acompanharam os discursos dos chefes de Estado. Boric afirmou que os países estão entrando em uma nova fase de cooperação: “Nosso dever é construir instituições que permitam pensar a longo prazo, para além das afinidades pessoais ou das próximas eleições”.
Lula, por sua vez, criticou a dependência histórica da América Latina em relação às grandes potências: “Esperamos que os EUA ou a União Europeia nos tornem ricos. Agora, fazemos o mesmo com a China. Mas ninguém vai nos enriquecer — precisamos querer isso a partir das nossas capacidades”.
Corredor Bioceânico e integração regional
Em 23 de abril, Boric participou da mesa redonda “Oportunidades de Negócios e Investimentos no Corredor Bioceânico”, ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do ministro chileno Nicolás Grau. O projeto visa conectar o Brasil ao Pacífico e o Chile ao Atlântico, integrando os portos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina aos portos chilenos de Iquique, Mejillones e Antofagasta. A proposta envolve ainda Paraguai e Argentina e busca impulsionar o desenvolvimento logístico e comercial da região.
Encontros no Congresso e STF
A agenda oficial também incluiu uma visita ao Congresso Nacional. A comitiva chilena foi recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Este último destacou o caráter federativo do Senado brasileiro como elemento de equilíbrio entre os estados.
No mesmo dia, Boric e sua delegação foram recebidos no Supremo Tribunal Federal por sete ministros da Corte, entre eles o presidente Luís Roberto Barroso. O encontro abordou temas como democracia, direitos fundamentais e estabilidade institucional. Barroso destacou o compromisso democrático do Chile e a alternância no poder como exemplo para a região.
Palestra na UnB encerra visita
No dia 24, Gabriel Boric encerrou sua passagem pelo Brasil com uma palestra na Universidade de Brasília, recebida pela reitora Rozana Naves. Diante de estudantes e acadêmicos, o presidente falou sobre “Democracia e Comércio: Isolacionismo versus Cooperação”, ressaltando os desafios do atual cenário internacional e a importância do multilateralismo.
“Reconhecemos no Brasil um papel de liderança fundamental e insubstituível na articulação da voz do Sul Global. Em um mundo incerto, com as regras em redefinição, a democracia e o multilateralismo nos permitem nos posicionar como atores internacionais”, disse Boric. Ele também apontou que, apesar das turbulências, o cenário global oferece oportunidades para diversificar alianças e fortalecer o papel regional de países como Brasil e Chile.
Com informações da Agência Brasil e da Presidência do Chile
